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Morbius finalmente chegou. Mas quem se importa?

Depois de quase dois anos de idas e vindas, finalmente temos a estreia de Morbius, mais um projeto da Sony Pictures em associação com a Marvel Studios. O longa, que introduz Morbius, o vampiro vivo, tradicional vilão da galeria do Homem-Aranha, é mais uma tentativa que o(s) estúdio(s) nos apresentam para criar um universo paralelo ao já estabelecido Universo Cinemático da Marvel, ou, para os fãs, o MCU. E depois de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, sabemos que o céu não é mais o limite para a questão de novos personagens e universos. Tudo é possível, basta que os estúdios estejam de acordo. Com a introdução de Michael Morbius, ou só Morbius, interpretado por Jared Leto (Liga da Justiça), essa galeria e universo paralelo ganha seu terceiro personagem (expressivo, mas não lá tão importante). O primeiro foi Venom, com Tom Hardy, e o segundo foi Carnificina (Woody Harrelson), que já foi descartado em seu primeiro filme. O futuro nos aponta ainda Kraven, o Caçador (com Aaron Taylor-Johhson no papel) e um já falado Madame Teia (com Dakota Johnson). Mas a verdade é: quem se importa com esses personagens, não é mesmo?

Não espere pela cena final deste trailer, lançado há dois anos atrás!

Mas vamos lá. O benefício da dúvida é sempre algo a se considerar. O maior exemplo vem da distinta concorrência, a DC/Warner, que apostou em O Esquadrão Suicida quando todos achavam que essa seria a pior das ideias no quesito “novos projetos de quadrinhos no cinema”. Mas quando se tem um James Gunn comandando o navio, as coisas mudam de patamar. Alguém que entenda a essência (ou a falta dela) dos personagens faz toda a diferença. Resultado: ele entregou um filme sem qualquer preocupação ou amarras e de quebra, um spin-off com um personagem tão irrelevante quanto Morbius: O Pacificador. Querendo ou não, é uma das melhores séries de quadrinhos dos últimos anos. A diferença para Morbius, é que a zoeira não se aplica. O ponto em que quero chegar é: dá pra fazer algo legal e original. Então, o diretor Daniel Espinosa (Vida) teria que buscar outro ponto de apoio para seu filme. Uma comédia com Morbius seria um completo desastre, e pelo menos, não temos tempo para gracejos no longa.

Dr. Michael Morbius (Jared Leto) quer buscar a cura para sua própria doença.

Feita toda essa introdução, vamos para Morbius e todo o projeto sem graça e sem espírito que a Sony está encabeçando. Depois de vender o filme com trailers interessantes (mas com pegadinhas importantes, veja acima), o resultado final não chega a ser ofensivo. O problema maior é que em nenhum momento conseguimos nos apegar aos personagens. Morbius é um completo “quem se importa”, ainda que tenha um bom elenco. Jared Leto está bem como o médico debilitado que procura loucamente uma cura para sua condição. Junto com um quase-irmão de uma clínica especial, temos a tentativa de fisgar o coração do público, apresentando Morbius na infância junto de Milo. E se temos quase-irmãos, já podemos saber: eles serão inimigos ali na frente, como em qualquer outro filme de origem em que o “herói” precisa lutar contra alguém que reflete seus próprios dons (vamos para a lista: Homem de Ferro, Homem-Formiga, Hulk, Capitão América, e até mesmo, quem diria, seu antecessor Venom etc…) O flashback poderia muito bem ser a introdução do filme, que já derrapa na largada, quando vemos uma missão um tanto quanto aleatória de Morbius em uma floresta na Costa Rica. Ele paga mercenários (??) para levá-lo até lá na busca por morcegos (será que nos Estados Unidos não existe essa espécie?), e lá ele é deixado. Como ele voltou? Quem se importa, não é mesmo…? 

Morbius da Sony Pictures e Marvel Studios
Morbius (Jared Leto) tem cenas interessantes de ação, mas peca em seu final.

Com seus espécimes resgatados/roubados, ele volta para sua clínica, onde, depois de recusar um Prêmio Nobel (sim, tem isso também), agora precisa de financiamento. Dica: seria mais fácil com um Prêmio Nobel no currículo. E esse financiamento vem diretamente de seu quase-irmão Milo (na fase adulta interpretado pelo ótimo Matt Smith). Com a experiência – cheia de quebras de regras e protocolos – sendo feita em alto mar, novamente em um ambiente cheio de mercenários (??), Morbius usa o remédio – que combina DNA de morcego com o humano – para a possível cura. Como sabemos, o tiro não dá muito certo e ele se transforma no que vem a ser o Vampiro vivo, cheio de dons especiais (força, sonar, poder de voo). A contrapartida é que ele precisa se alimentar de sangue. E aqui temos, uma saída até interessante, que é a introdução de um sangue genérico, produzido pelo próprio Dr. Morbius, e que está bem amparada como pseudociência no filme.

Daí por diante, seguimos uma história pouco original, como já se imagina. É tão pouco original, que basicamente emula o primeiro filme do Venom, com uma pitada de Venom 2. Parece que é regra desse universo paralelo da Sony fazer com que algum personagem tenha alguma herança em relação aos poderes do protagonista, deixando aquele gancho safado para uma continuação. Aqui, esta situação está amparada da personagem Martine (de Adria Ajona). 

Jared Leto e Adria Arjona em Morbius
Dr. Michael Morbius (Jared Leto) e a Dra. Martine Bancroft (Adria Arjona) em uma cena pouco inspirada do filme.

Falando em “gancho safado” para uma continuação, temos duas cenas pós-créditos envolvendo o personagem Adrian Toomes, o Abutre (novamente com Michael Keaton). E depois de acompanhar Venom 2 e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, essas duas cenas me parecem mais prejudiciais ao MCU do que propriamente relevantes. Os fãs mais radicais poderão ficar com medo de um futuro com esses personagens. Já o ponto alto, pelo menos na sessão de imprensa, colocada de forma acertada em IMAX, são para os efeitos visuais. Morbius tem um visual marcante, tal qual nos quadrinhos, e claro, é pareado em seu antagonista. Ambos vão e voltam para a forma vampiresca de forma bem rápida, não precisando de momentos específicos para eventuais transformações. Os grafismos e cenas de voo são interessantes, mas não espere entender muita coisa com os borrões que virão na batalha final do filme.

Isso tudo é um pouco de Morbius. Mas, no final, quem se importa? 

Ps: tem vídeo com spoilers no canal!

Veredito da Vigilia

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