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Moonage Daydream e o Garoto do Espaço

Moonage Daydream nos faz imergir na arte e na fantástica obra de David Bowie

Para quem caiu de paraquedas por aqui, vamos começar pelo começo. Moonage Daydream é um documentário que nos faz mergulhar no mundo, na música e na arte fantástica de um dos maiores artistas que já habitou o planeta terra: David Bowie. Nas duas horas e vinte de exibição, o diretor Brett Morgen (de Kurt Cobain: Montage of Heck) não se apega a questões cronológicas, mas sim na força de uma experiência sensorial. Não por acaso, a cabine de imprensa foi acertadamente feita em uma sala IMAX. Anote isso, faz toda a diferença.

Entre fragmentos de entrevistas, shows e bastidores, a trilha sonora de Bowie se misturou às vozes/falas de Bowie e de algumas interações com o público ou com entrevistadores. O filme conta com imagens de arquivo pessoal e performances inéditas. Morgen passou quatro anos montando o filme e outros 18 meses projetando a paisagem sonora, animações e paleta de cores. Um trabalho que com certeza é difícil mensurar. Eu, fã, balancei a cabeça com os olhos vidrados na tela. Nada é muito ordenado, mas é vibrante e alimentado pelo caos, tão explorado pelo próprio artista. Uma narrativa que talvez frustre quem espera algo mais linear ou explicações mais tradicionais. 

David Bowie
Registros pessoais fazem parte da montagem de Moonage Daydream

Moonage Daydream é um filme sobre expressão e as várias facetas que David Bowie explorava muito bem, seja com formatos artísticos ou pela criação de seus personagens extravagantes. Sem medo de ousar e ser diferente, o que fica bem ilustrado em várias cenas como, por exemplo, quando perguntado se seus sapatos de salto e cheios de brilho eram de homens, mulheres ou bissexuais e a resposta foi: são só sapatos (!).

Um artista inquieto que ao conquistar o sucesso, criava algo novo e se desafiava novamente, mas que não hesitou em pedir ajuda para desenvolver novos processos criativos quando se viu estagnado.

David Bowie em Moonage Daydream
Uma explosão de cores caleidoscópias. O camaleão David Bowie!

Em alguns momentos, podemos ver alguns recortes pessoais de Bowie, como a influência do irmão mais velho em relação ao seu repertório artístico e o medo de herdar dele seus transtornos mentais. A recusa ao amor durante a juventude e sua entrega a ele aos 45 anos. Questionamentos sobre seu trabalho e os conflitos em sua fase mais comercial. Uma narrativa quase psicodélica de um dos artistas mais completos e geniais de seu tempo. Um alienígena? Um astronauta? Um personagem? Talvez, de tudo um pouco, inclusive humano.

Saí do cinema como se tivesse tomado doses de inspiração. Em tempos em que os conteúdos são tão iguais na busca de engajamento, algumas horas ininterruptas de autenticidade me fizeram muito bem. 

Ps: agradecemos a Universal Pictures Brasil pela oportunidade!

Veredito da Vigilia

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