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Monster Hunter: acho que já vi esse filme…

Assistir a adaptação de Monster Hunter certamente vai lhe trazer a sensação de já ter visto esse filme. E não só uma vez, mas quem sabe centenas de vezes. A obra que chega aos cinemas brasileiros dia 25 de fevereiro, talvez tivesse mais impacto ou mais originalidade se fosse (ou tivesse sido) lançada 10 ou 15 anos atrás.

Monster Hunter acompanha a capitã Artemis (Milla Jovovich), do exército estadunidense, que, junto de sua equipe, vai em busca de um grupo parceiro desaparecido. Nesta breve jornada, cheia de tiradas, diálogos e cenas de interação clássicas de filmes de soldado, a equipe é sugada por uma misteriosa tempestade, responsável também pelos desaparecimentos. É essa tempestade que acaba “teletransportando” os membros da nova missão para um deserto desconhecido.

Confesso não conhecer o game da Capcom que inspirou o longa da Sony Pictures, mas, sabendo disso, a sensação é de que os roteiristas simplesmente pegaram os primeiros minutos do jogo e largaram na tela. Acho improvável que isso agrade os fãs, pois essa “adaptação fiel” não gera a mesma empolgação do que quando temos o controle da situação em nossos consoles. Independente da premissa, a jogabilidade é um fator essencial. Tire esse fator e acabamos com uma sequência de aventuras, armadilhas, explosões e fugas que não transmitem muita tensão ou intensidade, ou algo que vá nos fazer realmente ficar preocupados com os personagens.

E essa premissa, que pouco se ampara no drama ou um roteiro mais rebuscado, faz com que o filme fique bem arrastado. Com 45 minutos, parece que a história não se desenrola, enquanto que você parece estar sentado frente à tela há uma eternidade. A trama demora para se desenvolver e para chegar a algum lugar.

Nesse momento, nossa protagonista está perdida e sozinha no “Other World”, sendo caçada por monstros gigantes. Nisso, acaba sendo salva por um guerreiro local, que havia sido introduzido na sequência de abertura do filme.

nanda costa monster hunter
A brasileira Nanda Costa também está no elenco de Monster Hunter

A sequência também introduz a trupe de um barco que navega pelas areias do deserto, liderada por uma versão bizarra de Ron Perlman (Hellboy, Sons of Anarchy), que ficou exageradamente caracterizado. Muito estilo game, pouco estilo tela de cinema. A brasileira Nanda Costa também é parte da equipe de guerreiros meio steampunk que (leve spoiler alert) volta para salvar os nossos protagonistas no final do segundo ato.

Mas preciso voltar um pouquinho. Agora Alice, ops, Artemis, tem esse novo parceiro, um Hunter (Tony Jaa), que de inimigo passa para aliado quando percebem um inimigo em comum: o monstro que os impede de voltar para casa. Aliás, a piada com Alice de Resident Evil não é desproposital. Isso porque aqui temos a repetição da dobradinha Milla Jovovich e o diretor Paul W. S. Anderson, que, não por acaso, é seu marido. Juntos, eles já haviam aprontado bastante na franquia dos zumbis que prometeu até mesmo um capítulo final.

Desse ponto em diante, prepare-se para mais algumas reviradas de olhos. Como os dois não falam a mesma língua, passam por uma série de desafios para conseguirem se comunicar. E aí as pitadas de humor acabam salgando demais as cenas, em uma irritante sensação de dèja-vu.

Monster Hunter: e aí, vai encarar?

Os efeitos, por outro lado, não deixam a desejar. Os monstros são bem construídos e as sequências de ação nos mantêm interessados, apesar dos tantos capotamentos e da nossa heroína parecer quase indestrutível para um ser humano comum. Mas ok, isso até que é bem comum em filmes de ação.

Com toda a lentidão em nos levar a respostas e explicações, já sabemos, desde a metade do filme, que a ideia é gerar mais uma franquia desnecessária. A previsibilidade dos acontecimentos, a partir disso, fica cada vez mais clara. Sabemos que Artemis e seus novos amigos precisarão enfrentar mais alguns monstros antes de poderem trazer de volta o tão querido equilíbrio entre os dois mundos. E isso não é spoiler.

Antes de abandonar a cadeira, aguarde (ou não) mais um instante, para uma cena pós-créditos que vai te fazer suspirar (só não disse de que forma).

Veredito da Vigilia

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