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Minha Vida em Marte: a saga continua | Crítica

Comédias nacionais costumam fazer dinheiro e levar muita gente para o cinema. Não dá pra negar. Aqui no Brasil o povo adora um filme com ares novelescos. E por isso, Minha Vida em Marte deve atingir em cheio (olha quem diria), o seu público-alvo. A saga de Fernanda (Mônica Martelli) traz uma sequência do que foi visto em 2014 com “Homens são de Marte, e é pra lá que eu vou”. A diretora Susana Garcia e a equipe principal também estão de volta, além de é claro, o amigo gay Aníbal (Paulo Gustavo), o coadjuvante que rouba a cena.

Prepare-se para uma série de esquetes e improvisações de Paulo Gustavo

Para quem está familiarizado com o filme de 2014 (aliás foi um dos filmes nacionais mais assistidos naquele ano), está tudo em casa. Mas agora sai o plot de “mulher bem-sucedida, passando dos 30 anos, a procura do marido perfeito”, e entra a trama de “mulher casada, bem-sucedida, com uma filha pequena, que começa a colocar em cheque seu casamento”. Aquela eterna insatisfação do ser humano. Quem faz o papel de marido aleatório é Tom (Marcos Palmeira), que nem precisa se esforçar muito para cumprir o papel. Colocadas as cartas na mesa, o roteiro se apressa em explorar situações que muitos casais devem passar, e claro, fazer graça com isso. O casal que passou da fase da empolgação do casamento e do primeiro filho já não sente tanto tesão, tem mais vontade de comer e dormir (bem vindos à vida) do que fazer algo que possa interessar o parceiro(a). A convenção é clara, os clichês, óbvios. Mas, em certos pontos, bem funcionais. Se você gosta do humor de Paulo Gustavo, você vai se divertir bastante. Não é o meu caso, mas devo admitir que certas vezes ele acerta pela insistência. E é importante ressaltar que ao que tudo indica, independente do filme, ele é sempre o mesmo personagem.

Tom (Marcos Palmeira), Fernanda (Monica Martelli) e Joana (Marianna Santos)

Como toda comédia com o selo Globo Filmes, vamos percebendo que a edição, cortes e andamento do filmes não funcionam lá de forma tão fluente. Não à toa, Minha Vida em Marte deve adentrar a programação da emissora tão logo for possível. E esse formato de esquetes de TV ficam evidentes com as sequências de Fernanda e Aníbal trocando de ambientes rapidamente e forçando a barra em alguns pontos para evidenciar as piadas. E isso atrapalha o filme ao ponto de você se perguntar: “Que história afinal eles querem contar?”.

A ideia inicial de que Fernanda quer salvar o casamento logo se esvai e o casal assume que não dá mais, culminando em descobertas constrangedoras durante o aniversário da filha Joana (Marianna Santos). E na festa de aniversário da pequena temos algumas piadas muito ruins, inclusive com anões. Desnecessárias. E aí, entramos em mais alguns clichês tristes e bestas de brasileiros da classe média. Quando o casal se separa, o que a mulher faz? Sim, vai tentar a vida na balada, como se isso fosse a única que importasse na vida. O pior, fazem um estereótipo muito grosseiro das mulheres.

Aníbal (Paulo Gustavo) e Fernanda (Monica Martelli)

E terminadas as deixas e piadas com relacionamentos, começamos novamente a nos questionar onde é que o filme quer chegar. Aumenta o volume dos estereótipos. Quando você se separa você quer se refazer ok? O melhor a fazer? Gastar dinheiro em futilidades. Enfim. Temos mais alguns pretextos aleatórios para piadas com Paulo Gustavo falando em inglês, pausa para stalkear o ex nas redes sociais e claro, postar coisas na internet para mostrar que está tudo bem. Ok, vida como ela é.

Minha Vida em Marte é o clássico telefilme de comédia. Reúne um elenco conhecido, faz pontas com atores globais, e arruma desculpas para cenas e diferentes esquetes com piadas. E lá aos 46 minutos do segundo tempo, em um desfecho ruim, pois a criatividade era para piadas e não para desenrolar uma trama, vemos a protagonista dizendo um texto em off a moral do filme, em um enxerto de imagens bonitas do Rio de Janeiro, mesclado com músicas pop de sucesso, em um clássico momento apelativo para que os créditos possam subir. Tudo isso porque em quase nenhum momento o filme conseguiu mostrar aonde queria chegar.

Veredito da Vigilia


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