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Millennium: A Garota na Teia de Aranha | Crítica

Lisbeth Salander está de volta aos cinemas. Aqui no Brasil, a partir do dia 8 de novembro, em mais uma adaptação dos aclamados livros Millenium, de Stieg Larsson, a personagem, agora vivida por Claire Foy (a nossa rainha Elizabeth de The Crown) tem reconstruído o episódio A Garota na Teia de Aranha. Intercalando bons e maus momentos, a novidade pode agradar ao público, mas deixa devendo aos seus antecessores audiovisuais. Principalmente aos longas e a série sueca onde tivemos Noomi Rapace (Alien: Covenant) no papel principal, com as adaptações de Os Homens que Não Amavam As Mulheres, A Rainha do Castelo de Ar e A Menina que Brincava com Fogo. O projeto hollywoodiano iniciado por David Fincher (Mindhunter, Seven, Clube da Luta) em 2011, com Rooney Mara e Daniel Craig também acaba deixando saudades, nos fazendo questionar os motivos para que a Sony depositasse suas fichas nessa nem tão exitosa experiência.

O que pode explicar isso é a nomeação do promissor diretor Fede Alvarez (O Homem nas Trevas) e os clássicos contratos de uso de propriedade intelectual da obra original. O fato é que o grande trunfo da saga acabou ficando ofuscado, por uma trama um pouco mais rasa e voltada à ação. Os maiores méritos do roteiro, acabaram dando espaço para outros itens, o que se provou uma escolha equivocada.

Lisbeth Salander (Claire Foy) mostra sua força, mas não é suficiente

Desta vez, a maior hacker do submundo (e talvez da cultura pop) se vê envolvida em uma trama que remete ao maior dos softwares (ou spywares) de todos os tempos. Ele é capaz de dar a uma só pessoa o poder de comandar todas as armas nucleares espalhadas no mundo. Ou seja, o poder de um deus no mundo atual. Nessa trama, Lisbeth Salander é bem incorporada por Claire Foy (O Primeiro Homem, Uma Razão para Viver), que consegue entregar uma personagem com tudo que precisamos dela: força, inteligência e aquelas sutilezas dignas do que já vimos em adaptações anteriores. É interessante vê-la num papel totalmente diferente do que estamos acostumados. Mas o elenco de apoio não acompanha. O nosso jornalista Mikael Blomkvist é interpretado por Sverrir Gudnason (Borg vs. McEnroe). E talvez o problema aqui nem seja o ator, mas sim o pouco espaço para um dos protagonistas da história. Ele é relegado a um segundo plano que não nos faz crer na relação dele com Lisbeth nem tão pouco suas preocupações. Temos ainda Sylvia Hoeks (Blade Runner: 2049) como a vilã Camilla Salander, que também não cativa, e outros dois coadjuvantes que acabam não ajudando muito.

Camilla Salander é interpretada por Sylvia Hoeks

Por apostar muito mais na ação, A Garota Na Teia de Aranha acaba sendo mais um filme genérico, sem grandes novidades. É certo que a produção é excelente e tem seus momentos inspirados, principalmente quando mostra os dons da protagonista, que faz o que quer a partir de algumas invasões de sistemas. Mas também esbarra em partes bem forçadas. O ponto alto (dos piores momentos) é quando ela vai invadir a casa da principal vilã, onde temos, além de auxílios quase que inverossímeis, miras e tiros com 100% de aproveitamento e um absurdo acidente que vai confrontar as irmãs Salander, já quase no apagar das luzes. Além disso, a relação conturbada entre vilã e heroína apenas arranha a superfície de temas importantes, como o abuso sexual e cárcere privado, por exemplo.

Caso você seja fã dos livros e dos filmes já feitos, talvez sua experiência dessa vez não atinja um nível satisfatório. Mas caso você não conheça, pode ser uma boa introdução, pois se você for atrás dos filmes antigos, vai ver que o nível só vai melhorar.

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