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Mi Mundial: futebol e fofura no Festival de Cinema de Gramado

Em uma obra singela sobre amizade, futebol e simplicidade, o 46º Festival de Cinema de Gramado exibiu em sua quinta noite um filme mais leve e colorido. Longe das características mais dramáticas das produções anteriores, o longa uruguaio “Mi Mundial” veio para limpar o paladar dos filmes mais pesados. Contando a história de um prodígio do futebol uruguaio, que muda a vida de toda a família com seu talento, o filme lembra aquelas clássicas produções de Sessão da Tarde, em um filme mais juvenil que aborda amizade, lições de vida e a jornada do protagonista que aprende com os próprios erros. Nada fora do comum, mas que conquista pela realidade simples em que foi produzido e como é abordado. Impossível não gostar do Uruguai e todo seu povo.

Tito Rodrigues (Facundo Campelo) é o garoto que muito cedo, em uma pequena cidade do Uruguai, chama atenção de um rico empresário descobridor de jovens promissores que podem se transformar em grandes jogadores de futebol. Tirando o rapaz, que tem dificuldades na escola, de seu espaço tradicional, a família toda tem sua vida revirada. O pai, um homem de mais de 40 anos, é antigo segurança de uma fábrica. A mãe, dona de casa, e a irmã mais nova, quase uma mera figurante. Ao sair do interior, Tito também deixa seu primeiro amor para trás, mesmo que a amizade colorida ainda esteja em estágios bem iniciais.

Elenco principal do filme “Mi Mundial” no tapete vermelho de Gramado. Foto: Cleiton Thiele / Pressphoto

No meio do turbilhão de ir para a capital Montevidéu, Tito sofre com a nova realidade, onde não tem amigos, mas muita concorrência em sua equipe de futebol. E aos poucos vamos sendo jogados nessa jornada, onde a fama, mesmo que para um rapaz muito novo, acaba tendo as consequências negativas que se imaginam. Vaidades tomam a frente, a naturalidade acaba, e o mundo de consumo e aparências acabam tomando a personalidade do garoto. E ele vai aprender da pior forma que está errado: com um acidente que quase lhe custa um joelho.

Em nenhum momento vemos algo que possa surpreender. Na verdade, a narrativa é padrão, fácil de digerir e bem previsível. Mas é agradável, mostra cenas do esporte mais amado na América Latina, situações que existem na vida real, e inclui uma participação especial (não em cena atuando, mas em espírito e exemplo) do desporto uruguaio, o capitão da seleção uruguaia Diego Lugano, que por muito pouco não veio até o tapete vermelho da Serra Gaúcha.

Mi Mundial é desde seu início simpático, e talvez uma ideia que possa ser adaptada muito em breve por um grande estúdio, com todos os recursos imaginados nas grandes produções. A direção é de Carlos Morelli, em uma co-produção entre Uruguai, Argentina e Brasil (trinca que por si só garantiria oito Copas do Mundo e o ataque mais poderoso do planeta).

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