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Men – Faces do Medo é instigante… mas exagero e pretensão atrapalham

Men – Faces do Medo, o terror de Alex Garland chegou aos cinemas brasileiros na quinta-feira, dia 8 de setembro, e tem produção de A24, companhia responsável por obras como “O Farol”, “Midsommar – O Mal Não Espera a Noite” e “Hereditário”.

Após uma tragédia pessoal, Harper (interpretada por Jessie Buckley, de Estou Pensando em Acabar com Tudo) decide sair de Londres e passar uns dias em uma casa isolada no interior da Inglaterra, tentando buscar uma cura pela culpa que sente pelo acontecido. Mas, os arredores do local a reservam encontros desconfortáveis e a dor inicial acaba se transformando em algo ainda maior, um grande pesadelo.

Rory Kinnear no Pôster de Men - Faces do Medo
Pôster de Men – Faces do Medo

Apesar de ser uma sinopse bem genérica como a maioria de filmes do gênero, Men- Faces do Medo não é nada clichê. Vale lembrar que ele é escrito e dirigido por Alex Garland, roteirista de Extermínio (2002), Sunshine – Alerta Solar (2007), Não me Abandone Jamais (2010) e Dredd: Juiz do Apocalipse (2012). O inglês de 52 anos estreou na direção na ótima ficção científica Ex_Machina: Instinto Artificial (2014), quatro anos depois realizou Aniquilação (2018) e em 2020 dirigiu a minissérie Devs para a Hulu. Agora em seu terceiro filme, Garland deixa de lado a ficção científica e abraça o terror psicológico.

Conhecendo seus trabalhos recentes, um grande detalhe que Garland não deixa de lado são suas metáforas e simbolismos e em Men – Faces do Medo não foi diferente. No terror, o diretor cria uma atmosfera sombria quando Harper explora os bosques próximo da casa onde alugou. Além disso, também temos a estranheza por parte de Geoffrey, interpretado por Rory Kinnear. Uma observação sem spoiler: como não tinha visto o trailer, e quando Kinnear aparecia, sempre me surpreendia e as peças iam se encaixando (ou não). Maaaaaas, a divulgação mostrou até demais e pode fazer você perder o efeito surpresa que tive. Ou seja, recomendo não ver o trailer.

Postamos o trailer aqui, recomendamos não assistir (risos)

O ator está ótimo como o locatário da casa com seus comentários de gosto duvidoso. Jessie Buckley (de A Filha Perdida) também está maravilhosa como Harper, uma mulher em busca de paz e cura, mas acaba enfrentando dogmas ancestrais, onde mulheres tem a obrigação de viver em um mundo criado por homens. A fotografia de Rob Hardy é impecável, com predominância na cor verde, criando uma atmosfera angustiante, transmitindo uma sensação de isolamento. A trilha sonora incomoda (no bom sentido!) nos trazendo uma imersão ao horror gradualmente.

Jessie Buckley e o fruto proibido

A direção de Alex Garland é instigante, criando um terror intimista que nos deixa desconfortável. Tinha tudo para ser memorável, mas sua pretensão passa do ponto e o resultado fica bagunçado e até mesmo “covarde”, pois ele apresenta o problema e no terceiro ato o abandona. A nível de comparação recente, Jordan Peele fez algo parecido em Corra!, onde podemos dizer que é um terror disfarçado de crítica social ou uma crítica social disfarçada de terror.

O estranho Geoffrey conversa com Harper

Aqui, Garland aborda temas como trauma, violência contra a mulher até mesmo misoginia, mas repete metáforas, exagera no bizarro no terceiro ato e o pior: o resultado parece incompleto. Mas será o típico filme que dividirá opiniões. Ame ou odeie.

Men – Faces do Medo tem distribuição da Paris Filmes.

Veredito da Vigilia

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