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Me Chame Pelo Seu Nome | Crítica

Um filme caprichado e com riqueza de sutilezas, detalhes e significados. Me Chame Pelo Seu Nome, filme que deve figurar entre os indicados ao Oscar, e vem se destacando nas principais premiações no início de 2018, tem muitos méritos. E um dos principais deles é deixar tudo muito bonito para a construção da história principal. Atores, cenários, objetos, época, diálogos e as relações entre todos esses aspectos… está tudo alinhado para contar uma bela história, que vai além de um tradicional amor de verão. Pois se os amores proibidos, ou melhor, não tão possíveis de se manter, são os mais arrebatadores, o diretor Luca Guadagnino fez questão que esse fosse o romance de verão mais tocante dos últimos anos do cinema. E fez isso com uma palavra ou qualidade que no filme ganha novos horizontes: compreensão.

A trama já arrancou vários elogios da crítica especializada. Ela traz Elio, o filho único, quase chegando na fase adulta, de uma família acima da média, toda voltada para a cultura e a vida acadêmica. Foi na pele de Elio que o ator Timothée Chalamet ganhou os holofotes pela sua atuação. No interior da Itália, cenário rico para tudo que está por vir, ele vê seu verão monótono que se basearia em livros, violão, piano e alguns amigos, modificado com a chegada de Oliver (Armie Hammer). O rapaz mais velho está em uma viagem de estudos para ajudar nos trabalhos acadêmicos do pai de Elio, resgatando algumas relíquias históricas em um trabalho de arqueologia submersa, no que parece ser a região de Riva Del Garda, no norte da Itália.

Desde o início, os dois já dão sinais do que pode surgir, mas tudo é contado de uma forma convincente, e sútil, até determinado ponto. Elio e Oliver vão da estranheza do primeiro encontro às cenas de intenção de arrancar ciúmes um do outro. Para isso, cada um deles usa uma mulher, em suas respectivas idades. O verão no interior italiano simula perfeitamente os anos 80, auxiliando a relação nos quesitos moda e música, mas atrapalhando no quesito dos tabus impostos pela sociedade. Nenhum deles quer ou imagina que uma relação aberta seja possível nesse contexto. E isso tudo os faz buscar outras formas de expressar suas necessidades. Nesse caso, novamente as meninas que ali estão acabam acreditando que estão em relacionamentos que podem ter algum tipo de evolução. E isso intensifica ainda mais a relação de Elio e Oliver.

Até que entram em cena os pais de Elio. De forma brilhante, ao contrário do que o tradicional faria, são eles que acabam, de certa forma impulsionando a relação. Em um paralelo onde a mãe do jovem rapaz narra um conto literário (que infelizmente não vou lembrar agora) fica claro que é melhor ter a alívio da certeza, do que a angústia da dúvida. E com isso, o romance é iniciado por iniciativa e coragem de Elio. Tudo construído com tempo e sem apressar ou pular estágios. Ali, começa o verão inesquecível dos dois. Apesar de tudo, eles sabem que as estações mudam. E é com essa troca que teremos a qualidade expressada no primeiro parágrafo. A compreensão por parte dos personagens é marcante, e o desfecho vem como forma de absorver tudo o que se passou. Inclusive o verão.

Me Chame Pelo Seu Nome estreia no Brasil dia 18 de janeiro, e tem produção da RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira.

Veredito da Vigilia

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