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“Me Chama Que Eu Vou”: Sidney Magal e um ídolo acessível | Crítica

Me Chama que eu Vou, o documentário sobre o cantor Sidney Magal estreou no 48º Festival de Cinema de Gramado, na quarta-feira, 23 de setembro, com premiére nacional pelo Canal Brasil.

Após a exibição do documentário de Alcione, foi a vez de Sidney, que abriu a sua casa, o coração e seu (extenso) e extravagante closet no longa dirigido por Joana Mariani.

O filme inicia com o pé na porta, relembrando momentos marcantes da carreira de Sidney, sendo aclamado pelo público e apresentado por grandes nomes da televisão, como Chacrinha, Faustão, Marília Gabriela e muitos outros. Com trechos de entrevistas e apresentações antigas, se alguém ainda não conhecia Sidney Magal, logo passou a entender a importância e o impacto que o artista teve nas décadas de 1970, 80 e 90.

Das malhas justas, topetes e fãs desvairadas, passamos para um cenário paradisíaco em uma praia, onde topamos com um Sidney grisalho e sorridente vestindo uma camisa estilo havaiana. Daí em diante acompanhamos uma série de relatos do cantor, desde o início de sua vida até os dias atuais de aposentadoria.

Magal(hães) contou sobre a relação com a mãe, peça vital na sua carreira de artista, pois foi quem o criou, incentivou e o acompanhou durante os seus primeiros passos profissionais. A relação com o primo, Vinicius de Moraes, também foi comentada, é claro. Em depoimento, Sidney comentou sobre o incentivo que Vinicius deu à sua carreira de “garanhão da música”.

A partir disso assistimos um apanhado geral da vida do músico, que, logo no início de sua carreira, acompanhou um grupo de dança pela Europa. Das churrascarias para os grandes palcos, o artista conta sobre o empresário Roberto Livi, que ajudou a erguer a sua carreira com o considerado, até então, fracasso “Se Te Agarro com Outro Te Mato”.

Conhecemos sua esposa, Magali, e a história do casal, que começou como um daqueles lindos contos de amor em que o homem olha para a mulher desconhecida e decide que ela é o amor da sua vida. Os dois se casaram, apesar de uma certa relutância por parte do produtor/empresário de Sidney e das gravadoras, que temiam que um relacionamento assumido pudesse afugentar as fãs apaixonadas.

Para entrar no clima, a música que intitula o documentário, que foi tema de abertura da novela “Rainha da Sucata”, de 1990, da Rede Globo

Em meio às histórias e depoimentos que contam a sua vida profissional e pessoal, vamos também conhecendo um pouco mais sobre a sua personalidade. Com muito bom humor e descontração, o artista se emocionava relembrando a sua jornada e as pessoas que o marcaram.

Com um armário de lembranças aberto, relembrou um fã mirim especial, descoberto em um programa do Raul Gil, que ele considerava seu maior imitador e, com muito carinho, lamentou a morte precoce do menino.

“Me Chama Que Eu Vou” faz questão de frisar as diferenças entre Sidney Magal, o artista talentoso e cheio de si, e Sidney de Magalhães, um homem “simples” e completamente apaixonado pela família.

Além disso, mesmo de leve, tivemos algumas críticas pela forma como a sociedade o via. A sua música popular parecia não ser o suficiente para alguns públicos mais elitistas até, é claro, o momento em que sua música foi tema de abertura da novela “Rainha da Sucata”, de 1990, da Rede Globo. Breves debates sobre o que é ser “brega” e o que é ser “cult” também vieram à tona, mas, o que importa, é que Sidney parece ser um cara bem resolvido quanto a essas questões, assumindo seus pontos “baixos” na carreira e não se importando muito com a opinião alheia. 

Com muito bom humor, o documentário ganha pontos pela dinâmica edição, que mescla depoimentos da família, reportagens antigas, filmagens pessoais e apresentações musicais exclusivas e emocionantes. Vale aqui um destaque especial também para a cena no closet do ator, que em um formato mega atual, no melhor estilo “Reels” e Tik Tok, provou alguns dos looks extravagantes que tem guardado.

O filme não traz grandes exposições, fofocas e tretas do mundo da música. Ele traz a história leve e divertida de um hoje senhor aposentado, mostrando que o lendário amante latino é um ídolo que com certeza vale a pena admirar.

Se você gosta de documentários sobre personalidades brasileiras, não deixe de conferir também as nossas críticas sobre os filmes de Wilson Simonal, Hebe e Eder Jofre.

Veredito da Vigilia

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