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Matar a un Muerto | Crítica

Em 1978, durante o regime militar no Paraguai, uma tarefa ingrata precisava ser executada. Essa é a história de Matar a un Muerto, que fez parte da mostra competitiva entre os filmes estrangeiros no 48º Festival de Cinema de Gramado, que este ano foi exibido pelo Canal Brasil.

Dirigido por Hugo Giménez, o longa conta a história de dois homens que enterravam secretamente corpos na floresta. Os “produtos” chegavam de barco, então os coveiros precisavam fazer a cova e enterrar essas pessoas, sem saber sequer o porquê elas haviam morrido.

Pastor (Ever Enciso) e Dionisio (Aníbal Ortiz) eram figuras muito diferentes entre si, mas que, de uma forma brusca, protegiam um ao outro. A vida daqueles dois homens era, podemos dizer que, pacata. Nenhum grande acontecimento se abatia naquela ilha repleta de floresta, quase sem infraestrutura, em que eles viviam. Até escutar os jogos da Copa do Mundo era um problema. Dionisio, apaixonado por futebol, sofre quando seu rádio começa a falhar, fazendo assim eles se sentiram cada vez mais ilhados e isolados.

Porém, a história estava prestes a mudar quando um corpo, que deveria estar morto, não estava. O homem chegou vivo e a tarefa parecia ser simples: executar o homem e enterrar. A tarefa foi dada a Dionisio, que titubeou e recuou. Ele nunca havia matado e não conseguia começar. Foi então que aquele terceiro elemento começou, até de certa forma, fazer parte do grupo.

Neste filme, não temos muitas explicações. Não sabemos quem são aqueles personagens, como eles chegaram ali, se eles tem família. Não sabemos se eles são militares, nem onde exatamente onde eles se encontram. Ninguém questiona nada. Mas, para o longa, essas respostas não parecem realmente importar.

Diferente do que estamos acostumados, nesse longa, não é o espanhol que é falado. Grande parte dos diálogos é em guarani. Mas existe também muito silêncio, muito entreolhares e até o clima vira personagem desse filme, feito com elenco enxuto.

É interessante observar um pastor supersticioso, um ingênuo ajudante e um personagem misterioso em tela, sem sabermos o que pode vir pela frente. Matar a un Muerto tem uma temática interessante, mas pouca criatividade na direção. O ritmo também se torna um problema do longa, que coleciona erros de continuidade. É aquela máxima “a ideia é boa, mas a execução, nem tanto”. 

Veredito da Vigilia

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