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Máquinas Mortais, muitas ideias em pouco tempo | Crítica

Uma grande produção, repleta de efeitos especiais adaptando uma saga literária. Essa é a premissa de Máquinas Mortais (Mortal Engines), que estreia em todo o Brasil no dia 10 de janeiro. E por si só, esses seriam ingredientes para arrastar multidões para os cinemas. Mas, infelizmente, o universo juvenil e steam-punk do livro de Philip Reeve, lançado em 2001, não teve a mesma sorte de um O Senhor dos Anéis. E o injusto comparativo só vale aqui porque o diretor Peter Jackson, responsável pela adaptação da trilogia mais épica dos cinemas, é quem assina como produtor, alavancando o marketing do filme. Inclusive o amigo Hugo Weaving também recheia a produção, aqui, como o vilão Thaddeus Valentine. Que não por acaso, quer dominar o armamento mais sofisticado já feito para ter o mundo aos seus pés. Mas em Máquinas Mortais, a direção ficou a cargo de Christian Rivers, oriundo de várias produções lideradas pelo padrinho Peter Jackson.

O mundo criado na literatura por Philip Reeve é realmente rico. São vários povos, engenharias, personagens, diversidade e um visual incrível criado para tudo isso. Uma fonte primorosa. Porém, a vontade de mostrar isso tudo em um longa de 2 horas acaba atrapalhando e tirando o foco da trama principal. Num futuro distópico, onde as cidades tiveram que se adaptar em grandes máquinas e viver migrando por todo o continente Europeu, as pessoas vivem basicamente em sociedades onde, para sobreviver, é preciso conquistar. E por meio de suas grandes estruturas móveis (são basicamente cidades em cima de grandes tanques de guerra) as grandes metrópoles vão devorando as pequenas cidades. Na metáfora de que ricos ficam cada vez mais ricos, e pobres, cada vez mais pobres.

Um visual incrível para as grandes cidades e suas rivais

E a origem disso tudo tem relação direta com a nossa personagem principal Hester Shaw (Hera Hilmar). A pretensão é de entregar uma personagem destemida, dona de si, mas acaba que ela vira uma heroína bem genérica ao longo do filme. A origem de tudo é contada de forma preocupante. Na primeiro momento em que vemos em tela seu passado familiar, já entendemos de forma direta o “segredo” que será revelado no final, que é cópia malfadada da maior saga interestelar que você já viu no cinema.

Além de Hester, temos Tom (Robert Sheehan), que logo na apresentação de mocinhos e bandidos, acaba tendo que acompanhar Hester em sua saga de sobrevivência, e vingança contra Thaddeus Valentine, o grande incentivador do que eles chamam de “Darwinismo Municipal”, que está acabando com as cidades menores. Também no núcleo, que teoricamente seria o principal, temos a filha de Thaddeus, Katherine (Leila George) e Bevis (Ronan Raftery), que entram mudos e saem calados, apesar de ocuparem um tempo interessante de tela.

Personagens vêm e vão, mas ninguém liga.

Em vários momentos vemos os personagens principais tendo suas camadas atropeladas por subtramas que pouco vão importar os espectadores e a introdução um tanto forçada de outros personagens. É assim com a chegada do robô/monstro Shrike (Stephan Lang) e da heroína Anna Feng (Jihae). A falta de empatia e tempo para maturar tantos ingredientes em toda essa mistura acaba atrapalhando quase metade do filme, em momentos quem você pode se perguntar: mas pra quê isso? E essas são as principais falhas de Máquinas Mortais, que apesar de tudo, entrega um filme de ação e aventura “padrão”.

Fosse uma série, com mais capítulos e a introdução necessária de tantos personagens, mundos e subtramas, com mais tempo de tela e paciência para criar a devida empatia com todos os envolvidos, Máquinas Mortais teria tudo para ser um grande sucesso. Mas é só mais um filme.

Veredito da Vigilia

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