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Maldivas, da Netflix, é uma grande sátira da elite brasileira

Preciso começar a escrever essa crítica fazendo uma mea culpa. Depois de assistir aos trailers, estava desanimada e com o nariz torcido para assistir Maldivas, a nova série nacional da Netflix. A criação – que também é protagonizada – de Natália Klein surpreendeu positivamente. Talvez, gostei porque estava pronta para odiar, mas vamos aos argumentos.

Maldivas conta uma história caricata e presunçosa que diverte. O que parece ser apenas uma história de patricinhas mimadas que vivem em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro se transforma em uma trama policial cheia de humor ácido. 

Sem dúvidas, Natália Klein é o grande destaque da trama. Além de Verônica, sua personagem, ser a mais intrigante e interessante, dona do fio condutor da série, sua atuação é boa e cativa. Com toda certeza, é aquele tipo de personagem que gostaríamos de ter em nosso grupo de amigos. Carol Castro, Vanessa Gerbelli e Sheron Menezzes também vão bem em seus papéis. Mas as outras duas protagonistas deixam a desejar, como era esperado.

Manu Gavassi é, mais uma vez… Manu Gavassi. Ela continua dentro de seu único estilo de atuação – que parece ser apenas uma versão “vilã da Disney” dela mesma. É a Manu que vimos em Malhação e em seu clipe com a Glória Groove, “Deve ser horrível dormir sem mim”. Seu papel é raso, de uma rica excêntrica e insegura, que vive de aparências. O casal com Klebber Toledo não funciona e as cenas dramáticas se tornam absurdamente caricatas. Seu embate com Verônica é divertido, mas pela personagem de Natália Klein. Talvez Manu deveria ousar em outras versões ou ficará para sempre carimbada dentro dela mesma.

A atuação de Bruna Marquezine em Maldivas é fraca, mais uma vez.
A atuação de Bruna Marquezine em Maldivas é fraca, mais uma vez.

Entretanto, o elo mais fraco, após Manu Gavassi, é Bruna Marquezine. Sua atuação em Vou Nadar Até Você havia sido fraquíssima e mais uma vez ela repete esse feito. Seu sotaque carioca para uma personagem do interior de São Paulo, seu rosto quase inexpressivo e sua atuação fraca puxam a série para baixo. Espero, de verdade, que Bruna encontre o seu caminho na atuação e consiga brilhar tanto quanto seu nome.

Mas abri este texto falando bem sobre Maldivas. E preciso salientar que realmente estamos diante de uma boa série. Os diálogos são atuais e divertidos, as situações são absurdas e é possível enxergar o que Natália quis criticar quando criou a série. Sutil e assertiva. Um mundo em que todas as pessoas vivem de aparências, mas que choram em seus luxuosos banheiros escondidas. Um mundo cafona, mal-intencionado e muito, mas muito falso. Maldivas é aquilo que a elite brasileira é. Sua inspiração já declarada em Jane The Virgin está clara e é ótima, bem atualizada para o Brasil.

 A direção de José Alvarenga (Os Normais) é ótima e precisamos fazer elogios à ótima fotografia da série. As cores lembram um Rio de Janeiro ensolarado, rico e hipócrita.

Apesar dos pontos negativos nas atuações, Maldivas é uma boa série para ser assistida despretensiosamente. É garantia de boas risadas sem grande profundidade. Ótima para maratonar e comentar com as amigas depois!

Veredito da Vigilia

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