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A Maldição da Casa Winchester | Crítica

A premissa é boa e não tinha sido explorada ainda pela sétima arte: um filme sobre a história de uma casa amaldiçoada que realmente existe. A Maldição da Casa Winchester (Winchester) começa bem pela ideia e pelos primeiros movimentos da narrativa. Dirigido pelos irmãos Michael e Peter Spierig (The Spierig Brothers, responsáveis por Jogos Mortais: Jigsaw), a película traz ainda uma grande atriz como atrativo – em um ambiente que ela ainda não foi vista. Helen Mirren encarna a viúva Sarah Winchester com toda sua pompa e classe, do alto de quem escolhe o que faz. Ela em um filme de terror e coberta por um vestido preto… não tinha como dar errado não é mesmo? Bem… é o que veremos mais adiante.

Quer mais moral que ter Helen Mirren no seu filme?

Mas antes da análise total, vamos a um importante resgate. A história da Casa Winchester é real. Sua construção iniciou em meados de 1884 e só encerrou em 1922, quando da morte de Sarah. Já na época, moradores de San Jose, na Califórnia, já acusavam o local de ser amaldiçoado. E o tempero fica ainda mais apimentado com a relação de que a casa estava sendo habitada pelas almas das pessoas mortas pelos rifles e carabinas feitas na Winchester Repeating Arms Company, empresa que enriqueceu a família e deixou Sarah com uma herança de mais de 50% dos direitos da fábrica. Crente de que os espíritos a matariam caso ela parasse as obras na mansão, ela usou a herança para as reformas e ampliações na casa, que não cessavam nem mesmo durante a noite. Era uma obra que qualquer gestor invejaria: 24 horas por dia.

Jason Clarke, o cara tá em todas, mas não justifica as oportunidades.

Feita a introdução, a mística já faz crescer a curiosidade pelo filme. Os irmãos Spierig agora apostam numa obra menos sangrenta e calcada em sustos. E a história funciona muito bem em suas primeiras construções de personagens e ambientações. Os demais acionistas da Winchester Repeating Arms Company contratam um médico para analisar a sanidade da viúva Sarah para assim, afastá-la da fábrica de armas. Entra em cena o viciado doutor Eric Price (Jason Clarke). Pausa dramática: alguém lembra de um grande papel de Jason Clarke? Pois é, não fosse um Oscar de separação, daria pra dizer que ele é quase um Nicolas Cage. Mais ainda temos apreço por Cage. Fim da pausa. Ele vai passar alguns dias na casa amaldiçoada para traçar o perfil e fazer o relatório, e, praticamente atestar a senilidade da viúva. Mas, desde já, nós sabemos que o problema dela não é psicológico. Emocional sim, mas nunca culpa de uma doença mental.

Os ruivos completam o elenco (que é bem enxuto) de A Maldição da Casa Winchester

É na introdução da casa que temos as melhores cenas e bons sustos. Sim, sustos que realmente funcionam, embora possam ser percebidos com certa antecedência. O problema é que todas as situações vão nos levando para um filme padrão, sem grandes encantamentos, até que chegamos em um terror bem normal, com um desfecho sem muita emoção ou envolvimento. As boas ideias e cenas do início vão dando lugar a um quase filme de ação, misturado ainda com toques sobrenaturais. Destaque ainda para as boas aparições dos ruivos Marion Marriot (Sarah Snook) e seu filho Henry (Finn Scicluna-O’Prey). Afinal, fica difícil fazer um filme de terror de época sem uma criança para sofrer e receber alguns demônios no corpo.

 

A Maldição da Casa Winchester no final das contas, passa por um filme “ok”, de boa aceitação para um entretenimento rápido e sem lá grandes exigências ou expectativas. Prova de que colocar Hellen Mirren de preto na casa mais famosa do terror mundial nem sempre é sinal de sucesso absoluto.

Veredito da Vigilia

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