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Uma Octavia Spencer surtada em “Ma” | Crítica

Aquela imagem construída por Octavia Spencer ao longo de sua carreira está por mudar. Em “Ma”, novo terror da Blumhouse e da Universal, você verá a atriz ganhadora do Oscar por Histórias Cruzadas (Tate Taylor, 2011) de uma forma totalmente diferente. E o interessante é que tanto ela quanto o diretor repetem a dobradinha. Ambos em um gênero totalmente oposto ao que os levou para a maior premiação de Hollywood. O terror que mistura pitadas de filme adolescente e Psicose estreia no Brasil no dia 30 de maio.

“Ma” é o estilo de terror onde o quebra-cabeças vai se montando aos poucos. Personagens vão sendo apresentados, pistas vão sendo jogadas na tela e a trama que envolve passado e presente vai aos poucos se entrelaçando. O ritmo é fluente e vale a pena ficar atento a essas pistas que a direção e o roteiro vão apontando.

Octavia Spencer e sua carinha de quem está aprontando “altas confusões”

Tudo começa quando Maggie (Diana Silvers) se muda para uma cidade no interior com a mãe Erica (lembram de Juliette Lewis?). Para se enturmar, ela sai com uma turma do colégio que acaba pedindo para um adulto comprar bebidas alcóolicas. É quando entra Sue Ann (Octavia Spencer) na jogada. Vendendo a ideia de que ela está preocupada com os garotos, ela permite que façam festas escondidos no porão de sua casa. Mas aos poucos, a relação que inicialmente era próspera para os garotos do ensino médio, passa a ficar assustadora. Principalmente se a hospitalidade é de alguém como Sue Ann, que para facilitar a vida e seus planos mais cruéis tem acesso a medicamentos fortes na clínica veterinária onde trabalha.

Diana Silvers é Maggie, uma das protagonistas

Embora você possa questionar a ingenuidade do grupo de adolescentes, o ponto de virada para “Ma”, como a personagem de Octavia passa a ser conhecida, chega também com o questionamento: “Por que alguém faria ou teria esse tipo de comportamento?”. Calma, pois tudo será explicado. E nessas explicações, vamos vendo que a provável doença mental de “Ma” tenha origem nesse mesmo quebra-cabeças que envolve o passado. Traumas fortíssimos são carregados na trama, que também não economiza no comportamento estranho de uma adulta que (porventura) poderia estar se “aproveitando” – no sentido mais amplo da palavra – desse grupo de garotos. E isso deixa a trama mais apimentada e, por vezes bem estranha. E quando chegar a hora de mostrar porque “Ma” é realmente um filme de terror, você vai sim se surpreender com as ações.

Juliette Lewis é uma das coadjuvantes de luxo do filme

Mas com toda a certeza, é Octavia Spencer quem rouba a cena. O filme é todo dela, e vemos ela passando da figura querida e prestativa para a mais assustadora e surtada possível. Com as tramas passadas reveladas, vamos vendo que há muitos tons de cinza do que só a trama em preto e branco que os filmes costumam pintar. Embora os motivos sejam sempre bem questionáveis, as ações acabam se justificando. E do meio para o fim, o desenrolar da trama mistura pais, adolescentes, conflitos, mortes, certas doses de erotismo e um final digno de novela. Fique atento também aos personagens coadjuvantes, que dão um tom especial a tudo que vemos. Entre eles Luke Evans (A Bela e a Fera) e Allison Janney (Eu, Tonya). Assista “Ma” com a certeza de que Octavia Spencer pode fazer o que quiser. Até mesmo um terror adolescente.

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