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Lion, um filme digno de Oscar

Cada uma de nossas ações pode desencadear um futuro totalmente diferente. É assim que podemos perceber Lion. A história real de Saroo, um menino que se perdeu aos cinco anos de idade, mexe até com aqueles com o coração mais gelado. Fica difícil não se afeiçoar a ele, que sofre querendo voltar para casa desde o dia em que se perdeu.

O pequeno Saroo (Sunny Pawar) vivia grudado no irmão mais velho, Guddu. A mãe carregava pedras e os dois, apesar das idades, tentavam ajudar a mãe a complementar a renda de casa. Em uma noite, Guddu estava saindo para trabalhar e o caçula pediu para ir com ele. Depois de muita insistência, Saroo conseguiu convencer o irmão. Os dois foram até uma estação de trem, onde o pequeno ficou cansado e pediu para dormir. Quando acordou, se assustou e entrou no trem parado, procurando o irmão. O que ele não esperava é que o trem iria andar muito, para muito longe de casa. Aí que começa a saga do pequeno indiano.

Durante dois meses, Saroo passa pelas mais diversas situações. As condições precárias mostradas no filme chocam. Dói ver aquelas crianças em uma situação de total vulnerabilidade, sem ter o mínimo de suas necessidades supridas. E dói mais ainda quando lembramos que essa é a realidade da Índia, onde todos os anos, segundo dados trazidos pelo filme, 80 mil crianças se perdem.

Um rapaz vê o menino e o leva para a polícia, que o encaminha para o abrigo. Em pouco tempo, arrumam uma família australiana para adotá-lo. Sue (Nicole Kidman) e John (David Wenham) durante vinte anos se dedicam ao, agora crescido, Saroo (Dev Patel). Ele recebe oportunidades que nunca imaginou e torna-se um australiano. Mas quando vai para a universidade, Saroo começa a se questionar sobre o seu passado e decide tentar pesquisar sobre o local de sua origem a partir daquilo que lembrava, utilizando o Google Earth. A pesquisa é exaustiva e acaba interferindo no seu relacionamento com Lucy (Rooney Mara).

O roteiro do filme é uma adaptação da autobiografia de Saroo e o longa é dirigido por Garth Davis. As atuações de Saroo, tanto de Sunny Pawar quanto de Dev Patel são impressionantes. Os dois passam a emoção que o personagem solicita. A fotografia, sob responsabilidade de Greig Fraser, é outro ponto alto do filme, principalmente nas partes em que são representadas a precariedade da Índia. As indicações ao Oscar de Melhor filme, Melhor Ator Coadjuvante para Dev Patel, Melhor Atriz Coadjuvante para Nicole Kidman e Melhor Roteiro Adaptado foram merecidas.

Apesar de estar com o objetivo de encontrar a sua família biológica, Saroo vive o dilema de contar para a mãe sobre a sua busca. Sue poderia se sentir traída? Talvez ela achasse que não teria dado o amor suficiente ao filho. É um dilema que corrói o personagem. O filme mexe com aqueles que sabem que família é muito mais do que uma ligação sanguínea. É um filme digno de Oscar, a Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia

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