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Lamento: excelente atuação de Marco Ricca é destaque do longa

Quando a vida começa a desmoronar, parece ser difícil colocá-la de pé novamente. Esse é o dilema de Elder, vivido brilhantemente por Marco Ricca em Lamento, filme nacional que estreia dia 26 de agosto.

Dono de um hotel que havia sido de seu pai, Elder vê o movimento cair, as dívidas aumentarem e seus problemas se multiplicam. O empreendimento que parecia ter dado certo em algum momento da sua história estava decadente.

E decadente também era a vida de Elder, que vivia um tormento no trabalho e em casa. Alcoólatra e usuário de drogas no passado, Elder precisa gerenciar a falta de dinheiro e o vício. A vida parecia pacata. Ruim, porém pacata, até um rapaz e uma moça aparecerem na vida do empresário e trazerem à tona todos os seus demônios.

Elder parece se ver no garoto, mas acaba não agindo para evitar o dano ao seu patrimônio. Na verdade, ele não age para resolver nenhum problema. Elder é passivo. É tão passivo que acaba assistindo a vida acontecer, não vivendo ela.

 O grande destaque do longa é mesmo Marco Ricca
O grande destaque do longa é mesmo Marco Ricca

O grande destaque do longa é mesmo Marco Ricca. O protagonista do filme rouba a cena e entrega uma excelente atuação. A inércia do personagem, o saudoso passado rico, o casamento em ruínas. Tudo está o tempo todo nele, em cada ação, em cada palavra. Ricca deu uma profundidade complexa e necessária ao seu personagem. 

Lamento começa com acontecimentos vagarosos, com ritmo lento, assim como a vida de Elder. Somos apresentados ao entorno do protagonista, sua rotina, seus lamentos. Os dois primeiros atos acontecem quase que de forma passiva, mas o terceiro ato acelera todo o longa e chega em um final apressado. Para os mais desatentos, alguns acontecimentos podem passar batido. E algumas perguntas continuam sem resposta, o que pode deixar o expectador frustrado.

 Thaila Ayala tem pouca presença em cena
Thaila Ayala tem pouca presença em cena

Definitivamente, é Élder e sua vida que são o centro do longa. O restante existe para dar camadas ao protagonista. A personagem de Thaila Ayala, por exemplo, tem pouca presença em cena, apesar da relevância para a história. Até mesmo seu nome não é fácil de entender. O foco era Elder, é possível entender, mas dar um espaço maior aos outros personagens poderia dar mais dinamismo ao longa.

Contudo, não é possível falar deste filme sem fazer uma ressalva para a cenografia. O hotel decadente foi bem construído e parecia até mesmo aqueles hotéis de filmes de terror. Deu veracidade para a história contada.

Lamento vale a pena ser assistido pela atuação de Marco Ricca e seu decadente Elder.

Veredito da Vigilia

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