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La Frontera | Crítica

No segundo dia do Festival de Cinema de Gramado, foi exibido um drama colombiano do estreante David David. Abordando a delicada situação das famílias afetadas pelas crises de fronteira entre Colômbia e Venezuela, La Frontera, é uma narrativa dura e crua de uma realidade nem tão distante de nós, mas muitas vezes desconhecida.

Se a intenção do diretor foi chocar logo no início, podemos dizer que David David acertou. Uma primeira cena impactante abre o longa que coleciona momentos surpreendentes. Logo de início, conhecemos Diana, uma jovem indígena, vivida por Daylin Vega Moreno, que mora com o marido, Chevrolet, e o irmão, Jorge, em situação precária. O grupo ganha a vida roubando viajantes que seguem por trilhas próxima à casa deles. 

Em um desses eventos, eles se separam. Os dois homens somem e Diana se vê sozinha, no final de uma gestação e precisando recomeçar de alguma forma. A gravidez de Diana diz muito sobre a situação em que ela vive. Não sabe ao certo de quanto tempo está grávida, não fez nenhum acompanhamento e não sabe nem lidar com o que pode acontecer. Entram então dois novos personagens que chegam para fazer companhia na solidão de Diana e auxiliá-la em seus anseios.

“La frontera” tem em Daylin Vega Moreno uma excelente protagonista

La Frontera não é apenas sobre o drama da fronteira física, mas fala muito sobre as fronteiras e limitações que a personagem principal passa, estando reclusa a vida inteira no mesmo local e sabendo muito pouco da vida fora daquele ambiente, além da fronteira. Até mesmo seus sonhos e perdas parecem ficar no limite entre verdade e ilusão. 

Os conflitos entre a Colômbia e a Venezuela são bem explorados, mostrando o que a crise entre os países, que acontece quase diariamente, impacta na vida dos moradores daqueles locais. Famílias divididas, clima de guerra e tensão por todos os lados fazem parte de toda narrativa e estética do filme. A situação econômica de Diana e como isso impacta em suas relações e na vida da protagonista é muito bem retratado, nos fazendo mergulhar e nos sentir naquele universo durantes os 89 minutos do longa.

La Frontera é um retrato muito bonito da realidade. Daylin Vega Moreno entrega uma protagonista simples, mas repleta de nuances. E David David aparece bem se dividindo entre os papéis de diretor e roteirista. 

Veredito da Vigilia

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