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La Casa de Papel | Crítica

Cedemos às pressões. La Casa de Papel, a série espanhola que praticamente tomou conta da internet agora vai ganhar também a sua crítica na Vigília. Mas por favor, não me odeie.

A primeira coisa que devo falar é que é fácil entender os motivos que levam tanta gente a viralizar essa minissérie de 15 episódios no total (na Netflix eles foram reeditados, formando 13 para a “primeira temporada”, com o que seriam os primeiros nove da série normal). A segunda parte chegou no dia 6 de abril. A produção e a premissa são envolventes. Não vamos duvidar se ela em breve ganhar uma versão hollywoodiana. Vamos ver… afinal, quem duvida? Tudo porque os filmes com planos perfeitos, vários personagens (portanto várias camadas e pequenas histórias) sendo jogados aos poucos, instigando passo a passo, são ganchos perfeitos para fisgar a curiosidade do público. Fica difícil assistir a um só e não querer saber como tudo foi planejado, o porquê de determinadas motivações e como tudo foi tão bem costurado ao ponto de um grupo tão heterogêneo (diferentão mesmo) possa formar um roubo coeso e tão bem sucedido (será?). Junte a tudo isso reviravoltas a cada instante e altas doses novelescas e, por vezes, musicais. Pronto, a fórmula perfeita para o público brasileiro, uma das culturas que mais consome novelas em todo o mundo. Para finalizar, a produção não deixa nada a desejar perante algumas séries aclamadas do catálogo da Netflix. Comparada com algumas, diria que é até bem superior.

O trailer da “segunda” temporada de La Casa de Papel

Pois é, mas nem tudo são flores em La Casa de Papel. Ao mesmo tempo que desperta a curiosidade, a história do Professor (Álvaro Morte) que recruta bandidos com diferentes características para fazer o maior roubo “sem prejudicar ninguém”, tem momentos dignos de novela mexicana. Isso para alguns pode ser trágico, para outros pode ser bem engraçado. Todos os recrutas são colocados em um período recluso em uma mansão no interior da cidade onde treinarão para todos os tipos de situações que possam acontecer durante o roubo da Casa da Moeda Espanhola. O detalhe é que eles não vão roubar nada, mas sim, fazer o próprio dinheiro. Com meta traçada de valores e dias em que ficarão reclusos. Entre eles estão: Tóquio (Úrsula Corberó), uma espécie de ladra e assassina sem grandes escrúpulos, meio despirocada, ela é uma das mais irritantes personagens, tudo graças às variações que impõe sua personalidade; temos também Berlim (Pedro Alonso), a meu ver o melhor intérprete, dono de si, egocêntrico e sem pudores, são deles as ordens e ações mais malévolas dentro da Casa da Moeda; Denver (Jaime Lorente), o bandido jovem, meio burro, mas com coração; Moscou (Paco Tous), o pai de Denver, perito em explosões e aberturas de cofres, mas que também não quer fazer mal à ninguém; Nairóbi (Alba Flores), responsável pelo fluxo de trabalho, faz o que faz para reaver o filho (e você vai simpatizar com ela); Rio (Miguel Herrán) hacker do grupo, também o mais jovem e mais propenso a bondades, e, por fim, a dupla Oslo (Roberto Garcia) e Helsinque (Darko Peric) os brutamontes sem cérebro. Soma-se a este elenco um grupo de reféns, previamente escolhidos pelos golpistas e a policial encarregada pelas negociações, Raquel Murillo (Itziar Ituño).

Los golpistas: Berlim, Helsinque, Oslo, Nairóbi, Professor, Moscou, Denver, Rio e Tóquio.

Colocadas as cartas na mesa, a série criada por Alex Pina é um grande desenrolar de situações. Algumas estratégias narrativas são repetidas ao longo dos episódios, como intercalar o passado dos personagens com as situações que vão surgindo durante o roubo. Alguns desses flashbacks são quase desnecessários, outros bem fantasiosos, e outros um tanto quanto didáticos. E aí começam as liberdades artísticas que destoam de séries mais levadas a sério. Algumas das ações dos bandidos são bestas (pra não dizer ridículas), tais como se não fossem estar sempre alertas ou em um nível de tensão adequado para alguém que está sendo pretendido pela polícia de todo um país. Deixar se desarmar por um adolescente, dar ouvidos a histórias ridículas de alguns dos reféns, deixá-los em contato direto com ferramentas que podem ser usadas como armas, esquecer da vida e ficar cantando como se não houvesse amanhã, entre outras funções que nos tiram do nível de (ainda mais) envolvimento que a série poderia deter. Por outro lado, são coisas que podem ser desconsideradas, afinal, estamos falando de uma série ficcional que faz uma mescla de gêneros.

No mais, La Casa de Papel funciona como entretenimento fácil, com uma estratégia própria e bem definida, também conhecida como cliffhanger. É um gancho atrás do outro. Desligue a chave da seriedade de seu cérebro e a coloque na posição stand by. Apenas deixe a série te levar sem grandes preocupações. E o final, também vai dividir opiniões.

Ficou empolgado com essa série? Então essa estampa incrível da Chico Rei ficará perfeita em você: https://goo.gl/vU2dWF

Veredito da Vigilia

One thought on “La Casa de Papel | Crítica

  • Mariana Virgilio

    Só não gostei do final na Thailandia 🙁

    Resposta

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