Kenshin busca sua redenção em Samurai X: O Final
Depois de ser adaptado apenas em OVAs, o terceiro e último arco do mangá escrito por Nobuhiro Watsuki, a saga Jinchu, ganhou uma versão live-action, trazendo de volta o ator Takeru Sato, na pele de Kenshin Himura. Samurai X: O Final, produzido pela Warner Bros. Pictures, estreou mundialmente na Netflix no dia 18 de junho colocando o Battousai, O Retalhador, frente a frente com o seu misterioso passado e contando, finalmente, a história completa de sua cicatriz. O longa já havia dado as caras nos cinemas japoneses em abril deste ano.
Samurai X: O Final faz parte de uma duologia, que será completada com Samurai X: A Origem, ainda sem data para estrear na Netflix, mas que já está em cartaz nos cinemas japoneses desde o dia 4 de junho. É possível ver trechos desse segundo filme aqui, em Final, em formato de flash backs, quando somos apresentados à Tomoe, ex-esposa de Kenshin, que faleceu há muitos anos. É o irmão dela, Enichi, que volta para se vingar, culpando o ex-cunhado pela morte da mulher.
Enichi está sendo procurado pela polícia japonesa, acusado de vender armas para Shishio e por integrar a máfia chinesa. Assim como visto na trilogia anterior (Rurouni Kenshin, Samurai X: O Inferno de Kyoto e Samurai X: O Fim de uma Lenda, lançados entre 2012 e 2014), a trama procura contextualizar o Japão daquela época, falando de questões políticas, do tráfico e da influência que o Ocidente começava a ter no Oriente.
Mesmo assim, Samurai X: O Final me pareceu ter menos história do que os seus antecessores, focando mais em tiro, “espadada” e bomba. Claro, o passado de Kenshin será explorado no próximo filme, como já dissemos, mas a impressão que dá é que os outros longas desenvolveram mais os personagens secundários e os meios onde eles estavam inseridos. Agora vemos uma produção muito mais reta, definindo quem é o vilão, o mocinho e qual é o conflito a ser resolvido.
Porém, o jeito de fazer um live-action de qualidade continua, servindo praticamente de cartilha para qualquer outra produção que queira adaptar um obra de mangá ou HQ para essa mídia. As coreografias de luta são tão bem feitas, que você sente junto a dor do combatente atingido. Mesmo as cenas com saltos e corridas quase impossíveis de serem desempenhadas por um ser humano normal, soam “aceitáveis”, diferente do que víamos nos filmes de época do Jet Li. A luta final, por exemplo, é tão tensa que praticamente não existe trilha-sonora, com o único som a ser ouvido é o das espadas se batendo e dos golpes, fazendo com que o expectador fique em transe assistindo a disputa. A destruição dos cenários e a ambientação no Japão pré-industrial está perfeita, bem como o figurino dos personagens, que fica bonito aos olhos, não parecendo ninguém “fantasiado”.
Claro, não poderia deixar de falar que a versão dublada conta com os mesmos dubladores da trilogia de filmes, bem como do anime dos anos 90.
Samurai X: O Final mostra um Kenshin mais arrependido do que nunca, ligando o quarto filme à trilogia de maneira redondinha, fazendo com que o seu ciclo seja lindamente fechado, com a redenção do personagem e as pontas sendo bem amarradas sobre o que ainda não sabíamos a seu respeito. Foi também um ótimo plano lançá-lo antes de A Origem, não precisando rebobinar a fita, para que só depois vejamos como essa história vai terminar. Provavelmente o quinto longa seja mais dramático e até romântico, já que estaremos vendo uma história de amor que termina de maneira trágica. Preparem os lencinhos.