Kengan Ashura – Segunda parte | Crítica
No final de outubro de 2019 tivemos a estreia de mais 12 episódios de Kengan Ashura, anime original Netflix. Essa segunda parte complementa a primeira dúzia que já havia sido lançada em julho do mesmo ano.
Se na primeira metade tivemos o desenvolvimento dos personagens – principalmente dos protagonistas Ohma Tokita e Kazuo Yamashita – a apresentação de várias empresas mundialmente famosas e o início do Torneio de Aniquilação Kengan, nessa segunda parte a única coisa que você vai ver é pancadaria. Não que isso seja um “problema”, afinal estamos falando de um anime de artes marciais Shonen (direcionado especificamente para o público jovem masculino), e que já demonstrou ao que veio em seus episódios anteriores. Talvez o tal “problema” citado acima, seja na divisão dos episódios: 12 e 12.
Com o objetivo de oferecer ao público algo mais rápido de ser consumido, além de se enquadrar na onda da maioria das animações japonesas atuais da Netflix, Kengan Ashura não deveria ter sido lançado em duas partes. O maior exemplo disso, é o 8º episódio da segunda temporada, – que é quando finalmente temos o término da primeira fase do Torneio, que contou com 16 lutas -, que tem maior cara de encerramento de ciclo. Tanto que somente no 9º episódio começamos a ver novamente os nossos protagonistas, seus dramas (Ohma não conseguindo lidar com o fato de precisar utilizar a sua técnica proibida, já que considera o estilo de luta de seu finado mestre Niko insuficiente, e ainda ser assombrado pelo defunto e Yamashita, que finalmente descobre o que o seu filho fazia trancado no quarto). Tanto que é aqui que o anime volta a embalar e mostrar a qualidade já vista antes. Tirando isso, temos apenas lutas, sem quase nada de história.
Claro, se você assistir os 24 episódios de uma vez, a experiência pode ser mais satisfatória, porém, nesse período do Torneio de Aniquilação Kengan são tantos embates, com personagens que você não tinha visto até agora, deixando sumidos por um bom tempo aqueles lutadores, donos de empresas e vilões que você viu quando iniciou a série.
O interessante é que parece que Kengan Ashura sabe sobre esse seu “defeito”, tanto que toda vez que aparece alguém, temos uma legenda com o seu nome, a qual grupo ele representa e se já foi eliminado ou não.
Eu particularmente sou do tempo que todas as lutas dos animes duravam no mínimo quatro episódios, dando tempo de você conhecer melhor os personagens (tanto os mocinhos quanto os vilões), afeiçoar-se com eles, e ainda por cima saber quem era quem durante todo o anime. E olha que todas séries tinham mais de 100 episódios.
Terminado esse momento nostalgia, se você se concentrar apenas nas lutas em Kengan Ashura, sem se importar com o enredo, o passeio valerá a pena também, já que temos diferentes estilos frente a frente, demonstrando que em um ringue, as estratégias valem muito mais do que a força física, quase como uma partida de Xadrez. Os flashbacks para contar as histórias individuais dos competidores também são um show a parte. São dois tipos de traço (diferente do habitual do anime), sendo o primeiro mais rascunhado e o segundo no estilo HQ.
Ainda assim, Kengan Ashura é melhor do que outros animes clichês de artes marciais, como Baki por exemplo, mas não chega aos pés de uma Megalobox (só para comparar com outras produções do mesmo gênero presentes na Netflix e que foram lançadas em 2019). A proposta é demonstrar que as brigas das grandes corporações em busca do monopólio ou até mesmo conquistando notoriedade a qualquer preço pode ser comparado a lutas em ringues sem regras, categorias ou estilos. Por mais que nesta segunda parte tenhamos as relações humanas menos desenvolvidas, a trama entre os dois protagonistas e o quanto um cresce com o outro pode ser facilmente percebida e admirada. Contudo, 0 24º episódio terminou apenas na segunda luta da próxima fase do Torneio de Aniquilação Kengan (são oito disputas no total). Prepare-se então para uma nova temporada começando com um soco no primeiro frame do episódio.