Kate: ação direta e reta
Mary Elizabeth Winstead repete seu papel de “Caçadora” de Aves de Rapina em Kate, original da Netflix que estreia dia 10 de setembro. Calma lá. Na verdade, repete somente na essência. Em Kate, ela é realmente uma caçadora muito mais badass do que no filme da DC Comics. E essa é uma entre várias boas notícias do filme dirigido por Cedric Nicolas-Troyan (de O Caçador e a Rainha do Gelo). Apesar de não ser um grande divisor de águas, o longa é uma excelente pedida entre os novos filmes de ação e da clássica saga que coloca o personagem principal (ou, melhor, “A” personagem) em busca de vingança, emulando um pouco do que vimos em John Wick (com Keanu Reeves), mas em uma escala mais modesta. Kate entrega muito com pouco, focando na ação desenfreada sem se preocupar com o amanhã (leia-se franquias ou continuações). E esse é o segundo grande ponto positivo do filme.
A sinopse é simples e justificada em apenas duas frases: “Após ser envenenada, uma criminosa cruel tem menos de 24 horas para se vingar dos inimigos. E acaba formando um vínculo inesperado com a filha de uma de suas vítimas”. Talvez nessa essência, tenhamos um peso até maior do que em John Wick, onde a sinopse se limitava à primeira frase. E mais, além do vínculo inesperado, Kate sabe que não terá como se recuperar de seu cruel envenenamento. Focamos então na ação, boas coreografias e uma expressiva quantidade de sangue. Kate luta o filme todo enquanto seu corpo agoniza com o veneno corroendo seus vasos sanguíneos.
Com a trama toda se passando em Tóquio, Kate logo é apresentada como uma espécie de caçadora de recompensas. A diferença dos clichês deste tipo de personagem, é que ela não parece ser livre e independente como se imagina. Nas mãos do único amigo, que também emula uma espécie de figura paternal, “V” interpretado por Woody Harrelson (Três Anúncios para um Crime), ela que largar a vida do crime e respirar novos ares. Mas, como a sinopse já nos disse, ela não vai muito longe com essa ideia.
Com o roteiro sendo o suficiente para nos mover e motivar a nossa heroína, ainda temos o tal envolvimento com Ani (Miku Patricia Martineau), a filha de uma de suas vítimas, que contribui para com que possamos conhecer um pouco do passado de Kate e suas motivações. Mas o ponto alto é ver Mary Elizabeth Winstead com a volúpia necessária para emular a vingadora, lutadora e atiradora. Com sua ingestão de Polônio 204, um veneno para lá de radioativo, ela ainda precisa lutar contra seu estado de saúde que vai se deteriorando aos poucos. A maioria do sangue que veremos em tela é da própria Kate.
Até completar sua vingança, Kate passa por vários pontos importantes para um filme de ação: participa de uma grande perseguição de carro; luta com armas, facas e objetos cortantes; atira de perto, de longe e à queima-roupa; apanha um bocado e tem sua redenção. E no trajeto intercalado dessas cenas, temos uma Tóquio colorida e florescente, dando o tom exato para um filme de vingadora badass.
Gostaria de ver uma continuação com Kate comprando mais brigas ao redor do mundo, tal qual teremos com John Wick e Resgate, mas, como já sabemos, uma ingestão radioativa como essa vai impedir que tenhamos essa sorte. A não ser que tenhamos prequels. Isso não seria má ideia.
A Vigília Recomenda!