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Kakegurui, Live-Action | Crítica

Com a onda de adaptações de HQs, que se iniciaram lá em 2000 no primeiro filme dos X-Men nos cinemas, atualmente o público está “acostumado” a ver os seus personagens favoritos saltarem das páginas para as telonas. No ocidente, essas adaptações passam por mudanças, para tornar aquele universo mais palpável (convenhamos, ficaria ridículo assistir ao Wolverine lutando por aí de colã amarelo e tanguinha azul). No oriente, o papo é diferente. Os caras são literais, sendo o mais fiéis possíveis à obra original. Para quem está não está habituado, essa representação pode chocar ou até mesmo incomodar um pouco.

O dorama – como são chamados os live-actions meio novelescos lá no Japão – de Kakegurui estreou na Netflix no dia 5 de maio. Logo de cara vemos os cenários da escola Hyakkaou Private Academy, onde ocorrem as disputas em jogos de azar, envolvendo os alunos mais caricatos e marcantes possíveis, como os membros do Grêmio Estudantil, por exemplo. Aí está! Os figurinos e as retratações dos personagens estão impecáveis. Tirando o tom de alguns cabelos, você enxergará tal qual as figuras que estão no anime. Mas nem sempre o visual é tudo, já que os trejeitos e reações de cada um também foram trazidas para esse “mundo real”.

Midari é a melhor personagem do live-action

Nem de longe, a excitação (literalmente) que a protagonista Yumeko Jabami sente ao duelar, “apostando até a loucura” é bem executada aqui. Os olhos vermelhos estão lá, mas não temos aquela atmosfera que fazia a cena ficar doentia o suficiente para deixar o público espantado com tamanha reação. Outro erro, por assim dizer, foi uma espécie de ‘quebra da quarta parede’, para contar ao público aquilo que estava se passando na mente de determinado personagem naquele momento. Com direito a foco de luz em cima apenas da pessoa que está falando, e os outros personagens em volta como se fossem estátuas. Parece que estamos diante de uma espetáculo teatral. Elemento esse que não estava presente no anime (e não precisava estar aqui). Suzui então, parece que saiu direto de um esquete da Praça é Nossa, ou do Zorra Total. De longe é o pior no Dorama. Ah…não podemos esquecer dos efeitos visuais nos olhos, que tentam emular as expressões de espanto ou a mudança de cor, como acontecia no original.

Suzui mais parece um personagem da Praça é Nossa ou Zorra Total

O que pode não agradar aos fãs do anime, é que as últimas batalhas, envolvendo os principais e mais decisivos membros do Grêmio Estudantil ficarão para uma segunda temporada. O live-action tem 10 episódios, enquanto a animação 13. Se eles tivessem enrolado menos, tirando algumas cenas repetitivas, e uns diálogos que cortavam o clima toda a hora (como por exemplo explicar coisas óbvias sobre as regras do jogo) dava até para ter adaptado os 13 episódios do anime nesses 10. Podemos ver que vai ser uma encheção de linguiça no próximo ano de Kakegurui, porque acredito ser difícil colocar logo de cara esses embates. O clássico sistema da Netflix de “fazer render” as suas produções.

Os efeitos especiais para emular os olhos dos personagens tal como no anime não deram muito certo.

Mas não podemos tirar os méritos da série (sim, eles existem!). Os duelos estão fiéis, apresentando as mesmas jogadas e reviravoltas nas quais foram inspiradas. A disputa da troca de dívidas e a roleta russa contra a Midari continuam ótimas. Aliás, Ikishima Midari é a melhor personagem e a mais parecida. Você enxerga a psicopata que ela é, assim como foi retratado no anime. Claro, as mensagens e valores que existiam no anime estão ali também. A essência do enredo está lá (pelo menos isso).

A Vigília recomenda que você assista primeiro ao anime, para ter uma ótima experiência e depois olhar o live-action, apenas por nostalgia ou curiosidade, que seja. Quem optar pelo inverso, vai acabar sendo injusto com essa ótima obra, que foi mal executada na vida real.

Veredito da Vigilia

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