Jim Cheung sobre Marcelo Crivella: “fora dos tempos atuais”
Caso o foco do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, era inibir algum tipo de pauta, o seu inapto tato para o caso fez o tiro sair pela culatra. O representante maior da Cidade Maravilhosa ordenou retirarem a HQ dos Vingadores com a história “A Cruzada das Crianças” das bancas da Bienal do Livro por conter uma cena com um beijo entre dois personagens masculinos (ou apenas um beijo gay, mesmo). O assunto viralizou e chegou ao conhecimento de um dos autores da obra, o artista Jim Cheung, que se manifestou a respeito.
Confira o seu post no Instagram:
O que diz o texto:
“Teddy e Billy (2019)
Foi com muita surpresa hoje, saber que o prefeito do Rio de Janeiro decidiu proibir a venda do meu livro (de Allan Heinberg), Vingadores: A Cruzada das Crianças, por suposto material inapropriado…
Para quem não conhece o trabalho de 2010, a controvérsia envolve um beijo entre dois personagens masculinos…
Agora não sei o que levou o prefeito a procurar uma obra com quase uma década e que já estava à venda há muitos anos, mas posso dizer honestamente que não havia motivação ou agenda ocultas por trás da obra na promoção de um estilo de vida específico, nem no direcionamento de um público único. A cena apenas descreve um momento de ternura entre dois personagens que estão em um relacionamento estabelecido…
Como artista, minha paixão é contar histórias; histórias de grande heroísmo, compaixão e amor, com personagens tão autênticos e diversos quanto possível. Personagens que retratam todos os estilos de vida e cores, sejam pretos ou brancos, marrons, amarelos ou verdes…
O fato de este livro, de quase uma década atrás, estar agora sendo destacado pelo prefeito talvez apenas destaque como ele pode estar fora de contato com os tempos atuais. A comunidade LGBTQ está aqui para ficar, e eu não tenho nada além de amor e apoio para aqueles que continuam lutando pela validade e uma voz a ser ouvida…
Espero que o povo bonito do Brasil, a nação maravilhosamente diversa e orgulhosa, veja através desse “barulho” político e coloque seu foco na luz e nas maneiras de se unir, em vez de ajudar a semear as sementes do conflito e da divisão.
Editorial:
A Vigília é contra qualquer tipo de censura, preconceito (que inclusive é crime) ou pretensão que vá contra o mundo nerd, que sempre foi plural e um lugar de amparo para todos os jovens.