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IT: Capítulo 2, um desfecho (arrastado) para Pennywise | Crítica

O sucesso arrebatador de IT: A Coisa, de 2017, deixou a porta aberta para a continuação IT: Capítulo 2. Ok, fora o fato da história ter sido estrategicamente dividida, a história realmente foi contada em duas partes no telefilme dos anos 90, e, tirando a questão mercadológica – o longa de dois anos atrás ultrapassou O Exorcista como o maior filme de terror nas bilheterias – faz muito sentido separar os capítulos que envolvem o Clube dos Otários e a saga contra o palhaço Pennywise. IT: Capítulo 2 chega na quinta-feira, dia 5 de setembro, aos cinemas de todo o Brasil e promete repetir todo esse sucesso.

A obra de Stephen King agora se fecha, em um merecido remake. O telefilme dos anos 90 envelheceu mal, embora tenha se transformado em um cult pela apresentação icônica do palhaço do terror. Agora, com mais recursos e mais crueldade, o diretor Andy Muschietti (Mama, 2013) fecha as lacunas, igualmente com mais sangue, mais cenas icônicas e um filme tão longo quanto o anterior. Aliás, ainda maior: IT tem 2h15, e o Capítulo 2 tem 2h49. Entende-se a predileção pelo tempo de tela, no entanto, algumas coisas realmente poderiam ter sido abreviadas.

Em IT: Capítulo 2, O Clube dos Otários, se reencontra 27 anos depois

Como previsto o palhaço do terror volta a Derry 27 anos depois dos acontecimentos de IT: A Coisa. E claro, o Clube dos Otários (ou Perdedores, dependendo da tradução) terá que se reunir para novamente enfrentar seus medos particulares e acabar com a maldição que eles insistem em esquecer. E logo de início, Muschietti se apressa em impactar o público. Tão terrível quanto a morte do menino George no bueiro em 2017, somos apresentados a Pennywise tocando o terror da melhor forma na cidade interiorana. Por lá, apenas um remanescente do Clube dos Otários, Mike, na versão adulta interpretado por Isaiah Mustafa, vive obcecado investigando tudo que de anormal acontece por lá. É dele a responsabilidade de reunir um elenco estrelado.

Para a nossa alegria, o elenco juvenil está de volta

Nas versões adultas do Clube dos Otários, temos James McAvoy (Fragmentado, Vidro) como Bill, Jessica Chastain (X-Men: Fênix Negra) como Beverly, o excelente Bill Hader como Richie, Jay Ryan como Ben, James Ransone como Eddie, e Bill Skarsgård no papel do icônico Pennywise. Andy Bean interpreta Stanley, e reprisam seus papéis –  para o real deleite do público – como os membros originais do Clube Jaeden Lieberher (Bill), Wyatt Oleff (Stanley), Sophia Lillis (Beverly), Finn Wolfhard (Richie), Jeremy Ray Taylor (Ben), Chosen Jacobs (Mike) e Jack Dylan Grazer (também excelente) como Eddie. E um dos grandes acertos do longa é conseguir mesclar e fazer a transição de acontecimentos atuais e do passado. Embora o núcleo adulto seja apresentado de forma brilhante, são os respiros do elenco juvenil que realmente cativam o público. Na verdade, os dois elencos foram escolhidos a dedo, no entanto, o personagem Eddie como adulto acaba destoando dos demais, sendo um ponto negativo tanto em atuação quanto na trama e seu desfecho.

Com tudo isso colocado, o público mergulha em um filme com ritmo e que oscila muito bem entre o terror e a comédia em seu primeiro terço. E isso é feito de forma orgânica, sem soar forçado. No entanto, a dedicação em contar a história de cada um dos membros do Clube, vai exagerando aos poucos. Muschietti dedica tempo de tela em demasia para cada um dos “Otários”, e continua com essa pegada durante o processo de condução da história, se apegando a situações desnecessárias, e atropelando questões que seriam triviais para que os personagens entendessem como proceder em sua missão final. O ritual indígena é pincelado e jogado ao público, destoando do que se tinha visto até então.

Aquelas cenas icônicas com Pennywise

O terror, no entanto, é o que vimos no primeiro filme, e isso é ótimo. Andy Muschietti é um craque em criar situações estranhamente assustadoras, e nem sempre ele precisa de um monstro ou do próprio Pennywise. Talvez você se assuste mais com atendentes de farmácia ou velhinhas indefesas do que com os próprios seres grotescos aos quais Pennywise é capaz de incorporar. Pausa dramática: Fique atento a tudo, Stephen King pode aparecer duas ou três vezes na tela sem que você perceba (uma delas com certeza você vai notar)! Fim da pausa dramática. O que joga contra, por alguns momentos, pode ser a falta de regra em mostrar que algum dos “ataques” do palhaço possam realmente ter alguma consequência grave. Ora alucinação pode ferir ou matar, ora não.

É claro, temos um banho de sangue também

E depois de mostrar todos os personagens com muita paciência, o caminho para o final de IT: Capítulo 2 continua por esta estrada,  alongando o filme (já falei que o filme é longo né?). Talvez o problema de concisão em Hollywood seja um modismo inadequado de que os novos grandes blockbusters necessitem de muito tempo de tela beirando as três horas. Mas deixo aqui a dica: não precisa! Um filme pode ter início, meio e fim e contar uma boa história em menos tempo. Portanto, é possível que você comece a olhar para os lados e se perguntar “pra quê isso tudo?”, durante a sessão, que termina quase como um piada auto-referente ao papel de James McAvoy no filme, um escritor que não consegue contar bons finais.

Veredito da Vigilia

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