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IT: a coisa | Crueza, sustos, diversão e um filme sem fim

IT: A Coisa ganhou um merecido remake. A estreia é na quinta-feira, dia 7 de setembro e já dá pra garantir que a releitura ficou muito boa. A obra de Stephen King, que causou nos anos 90 em um telefilme que é lembrado até hoje por transformar um dos ícones do circo em adjetivo de medo e pavor, precisava disso. Até porque o original envelheceu mal, e se você for nostálgico como eu e for olhar IT: Uma obra prima do medo (1990) vai cair em boas gargalhadas e relembrar uma época inocente em que assustar podia ser bem mais fácil. Com o original transformado em obra trash, embarcamos na nova empreitada.

Com a mudança no subtítulo, IT: a Coisa já mostra a que veio nas primeiras cenas. E quem viu o original vai se espantar. O estopim para os acontecimentos misteriosos na pacata cidade de Derry não é apenas uma sugestão. Temos crueza e sofrimento em uma introdução que não faz o expectador de bobo. Os detalhes na relação dos irmãos Bill (Jaeden Lieberher) e Georgie (o pequeno Jackson Robert Scott, a primeira das vítimas) é melhor elaborado e gore o suficiente para se distanciar dos anos 90. Ponto para o diretor Andy Muschietti, que fora o responsável pelo igualmente bom Mama (de 2013).

Passado o primeiro susto, somos introduzidos aos garotos. A clássica turma de amigos que tínhamos nos filmes dos anos 80 e 90 com Conta Comigo, Os Goonies e etc, salvo ainda o original já ter essa pegada. Nem dá pra dizer que é cópia de Stranger Things, afinal é a série que bebe em todas essas vertentes. Mas dá pra dizer que ST é que está resgatando esse espírito bom para o cinema na segunda década dos anos 2000. E aqui temos protagonistas que vão nos conquistar. Ao contrário de tentativas apelativas de introduzir elencos infanto-juvenil (leia-se Transformers – O Último Cavaleiro), a turma segura o peso do filme. Além de Bill temos o astro de ST, Finn Wolfhard como o falador Richie (tal qual no original), a menina –  abusada! – do grupo Beverly (Sophia Lillis), o fofinho (sem bullying, ok?) Ben (Jeremy Ray Taylor), o traumatizado Mike (Chosen Jacobs), o hipocondríaco Eddie (Jack Dylan Grazer), e o chatinho Stanley (Wyatt Oleff). Completa o circo todo o malvadão Henry Bowers (Nicholas Hamilton), outro que ganhou uma versão ainda mais cruel e violenta, e é claro, o responsável por tudo, Bill Skarsgard, visto recentemente em Atômica. Ele é irmão de Alex Skarsgard (Tarzan, Big Little Lies).

A missão de dar vida ao palhaço Pennywise era difícil. Embora trash, o antecessor cumpria muito bem a sua função de assustar, e fazia isso com certa facilidade. Mas o caçula Skarsgard não deixa por menos. Embora diferente, ele consegue se destacar, e claro, ganha ajuda da evolução tecnológica de maquiagem e efeitos visuais. Coulrofóbicos já sabem: devem passar longe do filme. Ouviremos falar mais desse rapaz muito em breve.

A história tem mantida sua característica original e ainda nos presenteia com algumas óbvias referências ao cinema de terror e final dos anos 80. A trilha sonora é ótima e não força a barra em hits oitentistas (uma tônica que vem se repetindo desde o primeiro Guardiões da Galáxia). Temos lá a deixa para o New Kids On The Block, as homenagens à Gremlins, A Hora do Pesadelo e Carrie – A estranha (quem é do terror vai sacar). E o que assemelha muito o original e o novo remake são alguns saltos na história. Algumas coisas simplesmente acontecem, não espere explicações. Também não espere simpatizar com alguém do elenco adulto. Em Derry, as pessoas não agem naturalmente. É o tempero de mistério e asco necessário para simpatizamos ainda mais com a causa das crianças.

Em um ano que tivemos grandes filme de terror nos cinemas, IT: a Coisa veio refrescar um clássico, com crueza, sustos e diversão. Ah, e o filme sem fim não é uma crítica do título. Assim como o telefilme, teremos mais de um episódio, o que parece uma saída natural, se lembrarmos que IT: Uma Obra Prima do Medo tem também dois arcos, e é uma história de adultos com inúmeros flashbacks de quando eram crianças. Ou seja, desde já esperamos pela continuação mostrando a turma já adulta e o retorno do assustador Pennywise.

O palhaço mais assustador do cinema em 2017 ganhou uma estampa super legal da Chico Rei. Olha só: https://goo.gl/cVCnrH

E o Clube dos Otários também foram representados: https://goo.gl/3HtTkt

Veredito da Vigilia

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