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Invincible: a melhor animação adulta de super-heróis que você já viu

A adaptação de Invincible (Invencível) pela Amazon Prime Video foi uma das grandes vitórias do estúdio este ano. Pegando a vibração de The Boys, a escolha pelos quadrinhos de Robert Kirkman (The Walking Dead) acertou em cheio em não focar em um live-action (a grande onda do momento), dando todas as condições para artistas e dubladores colocarem o seu melhor em um desenho que já está marcando época. A primeira temporada, com oito episódios, entregou tudo que se pode esperar de uma ficção sobre super-heróis vivendo na sociedade atual, parodiando os maiores personagens da DC Comics e não poupando na violência gráfica. Um prato cheio para quem gosta de quadrinhos deste gênero.

Invincible traz uma história publicada pela Skybound/Image e assinada por Robert Kirkman, Cory Walker e Ryan Ottley. Para quem chegou de paraquedas, ela foca na vida do jovem Mark Grayson, de 17 anos, dublado por Steven Yeun (Minari, The Walking Dead). Filho do super-herói mais poderoso da Terra, Omni-Man (dublado por J.K. Simmons) ele vive aguardando o dia em que seus poderes vão aflorar. Até que, isso realmente acontece. Ao treinar e iniciar sua “carreira” heróica junto com seu pai, ele conhece novos personagens… mas fundamentalmente, que o legado de seu pai não é o que ele pensa.

Invincible Quadrinhos de Robert Kirkman
Os quadrinhos ganham vida nova na animação

A construção do mundo de Invincible é uma de suas grandes virtudes. Tão logo começamos, já percebemos que temos nos Guardiões Globais, uma espécie de Liga da Justiça. Estão todos lá: Darkwing emula o Batman, Mulher de Guerra a Mulher-Maravilha, Red Rush é Flash, Green Ghost é uma espécie de Lanterna Verde, Martian Man reflete o Ajax, Imortal é uma espécie de Vandal Savage com Superman e Aquário é um peixe, absolutamente inspirado no Aquaman. Com esse senso comum estabelecido, precisamos de um episódio para termos nossas expectativas totalmente surpreendidas. A cena pós-créditos da estreia tira Invincible da zona de conforto das adaptações e nos joga para uma trama que tem seus ares de comédia, mas pesa no drama e principalmente na violência. Prepare a capa de chuva, pois a partir dessa cena, todos os capítulos respingarão sangue no seu colo. 

Com cerca de 40 minutos em cada episódio, Invincible entra aos poucos em um arco de investigação, sempre mesclando as aventuras do início da atuação de Mark como herói e o passado misterioso de seu pai. Nessa linha, vemos bem sua situação e inocência. Mark ainda está no High School, tem seus interesses amorosos e amigos, ao mesmo tempo que começa a dividir sua agenda com missões no melhor estilo “vamos salvar o mundo”. Esse crescimento, é claro, traz ainda mais desafios. E se antes tínhamos uma história que bebia diretamente na DC Comics, com a grandiosidade dos heróis, Kirkman consegue ainda espelhar um pouco da Marvel no personagem de Mark, que muitas vezes estará em situações conflituosas, tal qual como já vimos com Peter Parker em Homem-Aranha. O criador consegue mostrar essas inspirações e ainda soar original em sua trama principal. E isso tudo consegue explicar o sucesso que a animação vem tendo em uma escala mundial.

Invincible Guardiões Globais Desenho
Os Guardiões Globais e Omni-Man: o primeiro grande susto da série!

O sucesso também é refletido nos planos da Amazon Studios. No dia em que o último episódio foi ao ar, o estúdio confirmou a renovação da atração por mais duas temporadas. Tempo suficiente para vermos Mark apanhando de forma espetacular (como já ocorreu nessa primeira temporada). Por ser uma animação, não há limites para o que vamos ver em tela. Essa liberdade faz com que tudo ganhe um frescor interessante para essa linguagem, e até mesmo para quem já estava cansando das histórias corriqueiras de super-heróis. Se o personagem precisa atravessar o universo, está tudo bem, ele o faz e em um só capítulo ele volta a tempo (ou não) da janta onde vai conhecer os pais da namorada. A costura da trama vai ganhando a cada episódio um tempero diferente, culminando em uma season finale realmente interessante, que entrega respostas, mas deixa um longo futuro em aberto. 

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