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Inumanos | Crítica da 1ª temporada

E, finalmente, terminou a primeira (e única?) temporada de Inumanos. A série, há algum tempo, já vem sendo conhecida como o primeiro grande flop do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). Usamos o “finalmente”, pois realmente, foi uma tortura ver a série, e ainda bem que foram apenas oito episódios. Já falamos quem são os Inumanos e porque eles são importantes no universo de personagens da Marvel, confira aqui. Também já fizemos um texto com as primeiras impressões e uma listinha de erros e acertos dos episódios que foram exibidos em IMAX.

Mas então, quer as boas ou as más notícias primeiro?

Vamos com a má, pois talvez a boa não tenha espaço daqui até o final.

Primeiro: a decepção. Lançado nos cinemas em IMAX, esperava-se uma série de qualidade ímpar, nunca antes vista em um projeto desse tipo. Só que os equívocos já começam quando nos deparamos com uma série com qualidade parecida com as do canal Syfy (mas nem por isso deixamos de amar as obras desse canal, tal como a série Blood Drive, que é excelente) em um cinema IMAX. Isso foi demais para os nossos olhos. Então temos efeitos medianos e mal aproveitados. Com certeza faltou verba para desenvolvê-los com total magnitude. Como por exemplo, nos poderes de Karnak (Ken Leung), que são excelentes quando funcionam, mas não aproveitaram todo o potencial do personagem. Como desculpa, utilizam um recurso de roteiro para dar uma “apagada” nele. Tudo pra não precisar dos efeitos.

Medusa: Serinda Swan não merecia entrar nessa roubada

Isso também acontece com a peruca da Medusa (Serinda Swan). Arranjaram uma desculpa para não precisar dos efeitos do cabelo vivo e poderoso, principal característica dela. Fail total. Brochante, para não dizer mais. O uso do Triton pelo jeito também não coube no orçamento. Gorgon e seus cascos no lugar dos pés também foram cortados depois do primeiro episódio. Crystalis quase não mostra seus poderes. Raio Negro então, menos. Ou seja, todas as grandes características de um grupo de super-seres que são estranhos desde a aparência até seus dons, foram adaptados da pior forma: com o roteiro servindo de desculpas para tudo. E isso vai contra tudo que a Marvel estava fazendo. Não há justificativas.

Logo no primeiro episódio Triton é morto, só para nos últimos episódios voltar sem o menor motivo aparente. Desnecessário. Dão um jeitinho de eliminar os poderes do Karnak (sou fã do personagem e muito dá para se explorar dele) e criam um plot “sem poderes”, com direito a romancezinho barato. Não vingou. Matam também Gorgon no meio da série para causar uma dramaticidade que inexiste. E o pior, dão um jeito horrível de ressuscitar ele. Arghhhh. A rixa entre a família real é até entendida, mas ninguém compra o lado de nenhum dos irmãos Boltagon. Primeiro porque a atuação de nosso querido Ramsay Bolton (Iwan Rheon), que simplesmente repete seu papel da série de George R.R. Martin (Game Of Thrones, onde está ótimo) e aqui um pouco piorado. Maximus deveria ser um louco, daqueles que nos divertimos assistindo, mas fica relegado a esse irmãozinho ciumento do Raio Negro.

Iwan Rheon, nem de perto a ameaça do bastardo Bolton

Atuações

Vamos falar das atuações, já que roteiro e efeitos não se salvam. Começando pelo personagem “principal”. Ok, entende-se que deva ser complicado interpretar um personagem como Raio Negro, que exige uma presença de poder, realeza e respeito, sem poder falar uma palavra. E é essa presença que falta para o Sr. Anson Mount. Muito bom que ele fala muito por libras (ou algo adaptado) e em certos momentos o ator faz jus ao papel pelo seu porte físico, mas infelizmente (mais uma vez) o roteiro não colabora. No final não comprometeu.

A Medusa, interpretada pela musa Serinda Swan, também não compromete. Ao menos se derem um roteiro decente (se continuarem com a série ou outra participação), acredito que ela pode surpreender. Ela é um ponto positivo e assume bem a realeza com a obstinação que o personagem exige. O ex-Lost (e também esteve em X-Men: O Confronto Final – ninguém lembra) Ken Leung, faz um bom Karnak. Mais uma vez vi potencial, faltou apenas não podarem seus dons, que ficaram até bem reproduzidos quando sobrou dinheiro para os efeitos especiais. Tenho fé nele.

O Gorgon de Eme Ikwuankor foi comprometido pelo roteiro. Canastrão como o personagem, mas só isso. O Gorgon que gostamos e vemos nos quadrinhos é um pouco mais cabeça-dura,  e mostra um bom coração em alguns momentos. A bela Isabelle Cornish consegue ser uma Crystalis mimadinha. A sua única função é ser quem cuida do Dentinho, o buldogue gigante que é a todo momento usado para ir e voltar do planeta Terra para Attilan, na Lua. O que no final se faz desnecessário, já que eles tem outro teleportador de longa distância chamado Eldrac (muito mal feito – maldita falta de grana). Por isso, ela também perde a função, pois no final todos usam o Dentinho. Tadinha.

O único que não comprometeu

Para encerrar a família real, Mike Moh como Triton, que pintaram muito mal de verde e também não tem uma função no roteiro (mas tem uma ótima cena de luta no final). Dos demais Inumanos, novamente é só decepção. A vilã Auran (Sonya Balmores) até convence, e dá para torcer para ela dar uma surra em algum membro real, mas aquela história de fator de cura que sempre salva ela se torna uma solução muito rasa. Eldrac, Bronaja, Mordis, Locus, Flora são todos bucha de canhão, que se estivessem em um bom orçamento, poderiam ser memoráveis.

Do elenco terráqueo, mais um ex-Lost mal aproveitado. O nosso saudoso Desmond (Henry Ian Cusick) é o Dr. Evan Declan, que promete a Maximus uma segunda terrigênese, a partir dos estudos feitos na Terra. Um absurdo. Não fez o menor sentido. Ellen Woglom, a Louise, é quem ajuda Medusa quando são exilados para a Terra. Quem em sua sã consciência ajudaria um ser de outro planeta? Tem também o crush da Crystalis, que usa a ex-namorada veterinária para tratar de um problema do Dentinho. Belo exemplo (#sqn).

Cenários e desfecho

Lindamente filmado no Hawaii, o que até foi bem aproveitado, não podemos falar o mesmo das cenas que se passam em Attilan, onde temos um cenário pobre e sem sabedoria na forma em que foi usado e mostrado. Faltou também uma ligação com Agent’s of SHIELD, cujo o tema Inumanos é recorrente. Um link entre as séries (talvez a presença rápida da Tremor) ajudaria a dar uma dinâmica de universo compartilhado, já que as séries são propriedade do mesmo canal nos EUA. Por outro lado, talvez isso não seja mesmo uma boa ideia. Vai que desanda pro lado de Phil Coulson e cia também. Deixa assim.

É o fim? Ainda não. Com a grande possibilidade de cancelamento, é bem provável que usarão alguns personagens na série Agents Of SHIELD. Talvez um spin-off do Dentinho (brincadeira). Uma coisa é certa, a possibilidade de recriarem os personagens para o cinema, de onde foi o plano inicial do supergrupo, fica muito remota. Um desperdício total, pois o potencial da série ganhadora do prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos) em 1999 é gigante. Porém, com o plot mal aproveitado do sistema de castas de Attilan, o envolvimento com a raça Kree e ambiente espacial, além de todos os erros que apontados aqui, dificilmente veremos os Inumanos tão cedo.

Ficou esperando a parte boa? Ah, pois é…

Falamos também das séries “Depressivas” da Marvel em nosso podcast, o Torre de Vigilância. Adicione no seu app preferido!

Veredito da Vigilia

Éderson Nunes

@elnunes

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