Homem-Aranha: De Volta ao Lar | Crítica com MUITOS Spoilers

Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o melhor filme do cinema pop do ano. Exagero? Quem sabe. Torço para que tenhamos mais algumas produções que possam refazer essa frase. Mas até lá, vamos nos deliciando com a nova aventura do aracnídeo nas telonas. Mas prepare-se, pois agora vamos contar tudo o que gostamos com muitos, muitos spoilers. Caso você não esteja preparado, temos também a crítica Sem Spoilers!

 

O Peter Parker raíz

Em De Volta ao Lar, temos a volta do Peter Parker raíz. A essência que fez com que a gente gostasse dele lá nas primeiras histórias em quadrinhos. E com um moleque com 15 anos, tudo isso fica ainda mais latente. Tom Holland dá um ritmo engraçado ao personagem, seja interagindo com os colegas, com Tony Stark (Robert Downey Jr.), Happy Hogan (Jon Favreau), com a graciosa Tia May (Marisa Tomei), qualquer professor aleatório, o dono da lancheria da esquina, ou ainda a sua nova amiga Karen, como ele batizou seu novo uniforme tecnológico, com o mesmo pressuposto de Jarvis para Tony Stark.

No novo filme, mais do que nunca temos Peter se misturando ao manto do Homem-Aranha. E muito disso é porque ele ainda não sabe bem como funciona a vida de sua personalidade heroica. Ele quer agir, está ansioso por isso desde que esteve junto do Homem de Ferro com os Vingadores. E aqui uma bela sacada. Logo nos créditos iniciais vemos um vlog. E a abertura e créditos do verdadeiro filme se misturam aos créditos do filme de Peter, dando a entender que ele seria o diretor do próprio filme. O que fica muito bom. Por fim, temos a essência principal de Peter Parker quando ele se depara com um conflito ainda maior com o vilão do filme. Uma virada de roteiro digna de deixar M. Night Shyamalan com inveja. E que diálogo!

As piadas

 Todas as piadas do filme estão ótimas. Não há como torcer o nariz com nenhuma. A relação de Peter com Ned (Jacob Batalon), Michelle (Zendaya), Liz (Laura Harrier) e Flash (Tony Revolori) é perfeita. Cabe a Ned colocar Peter em algumas saias justas e até ajudá-lo na missão final. Flash, como deveria ser, é sacana, inclusive fazendo um verdadeiro “trocadalho do carilho” com o nome de Peter Parker na festa de Liz. E é na festa de Liz que temos também uma das melhores referências do filme, com uma homenagem especial a John Hughes e o clássico eterno que foi Curtindo a Vida Adoidado. Fique atento aos diálogos, pois eles servem de referência para algumas ações do teioso ao longo do filme. Até mesmo personagens sem grande expressão farão excelentes piadas. Michelle cresce ao longo do filme graças às suas boas sacadas. E o fato de morar num bairro residencial vai trazer umas roubadas para quem depende de teias para se locomover.

O Amigo da Vizinhança

Por estar aprendendo a lidar com a vida de herói. Peter conta as horas no colégio para sair e poder viver como Homem-Aranha. Mas suas missões nunca são o que ele espera. Mas é aqui que vemos o porquê dele ser tão amado e porque tem o apelido do Amigo da Vizinhança. Ele recupera bicicletas roubadas (e até deixa bilhetinho para quem quer que seja o dono), ajuda velhinhas, é recompensado com um churros. Mas, às vezes ele se passa e acaba prendendo uma vítima inocente. É a deixa para a chegada do nosso mestre Stan Lee e sua grandiosa aparição. Mais piadas, todas muito bem colocadas e, o principal, sem forçar a barra. É o bom e velho amigo da vizinhança. Dá pra melhorar? Dá sim, coloque Ramones na trilha sonora pra ver (e ouvir!).

 

Não é um filme do Homem de Ferro

A principal preocupação dos fãs era com a estrela Robert Downey Jr. como Tony Stark. Ele estava aparecendo em todos os cartazes e todos os trailers. Inclusive mais que o própria Cabeça de Teia. Mas ele aparece pouco, bem e de forma cirúrgica na trama. Não tem como reclamar dele, pelo contrário. Tony manda bem quando é o gênio, o playboy e o filantropo. E, apesar de ser um bom professor, no final ele é quem aprende com Peter. Impossível não gostar da referência e da aparição de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow).

 

O Uniforme

Como a trama é toda bem costurada e todas as motivações bem explícitas, até mesmo o uniforme tem uma boa história dentro da aventura. Karen, como Peter batiza seu traje feito com a tecnologia Stark, é um acontecimento à parte. Inicialmente, a roupa é bem limitada, o suficiente para Peter aprender a usar seus poderes clássicos. Stark batizou o módulo inicial do traje com o irônico “Protocolo Bicicleta de Rodinhas”. Mas Peter e Ned vão hackear esse sistema, principalmente para tirar o rastreador do uniforme. Até então, Happy e Stark assistiam a tudo que ele fazia. Com o momento Hacker, Peter destrava todas as opções do uniforme, inclusive o sistema “Morte súbita”. É hilário. De quebra seu traje também tem mil traquitanas e um módulo interrogatório. Com isso, a trollada da Marvel com Batman da DC, pois a voz de Peter muda tal qual a do personagem de Christian Bale, em Cavaleiro das Trevas. Mais pontos para a Marvel. Teias? Temos também mais de 526 opções, basta escolher.

Mas para tirar o melhor proveito do uniforme, Peter precisa praticar. E ele faz isso da melhor forma ao ficar preso na divisão de Controle de Danos criada também por Stark. Pegou a referência? Está inclusive em andamento uma série da Marvel com essa proposta. O Controle de Danos (ou Damage Control) tem uma grande importância para a trama, fazendo com que novamente tudo tenha um bom motivo para aparecer e não é apenas uma referência ou fan service. Nesse momento Parker coloca também na tela o seu lado inventor. Karen, o seu uniforme, tem o trabalho de dublagem da atriz Jennifer Connely, que foi a Betty do primeiro filme do Hulk, de Ang Lee, de 2003. E como ela grava tudo que o Aranha fez, temos mais ótimas piadas com Peter imitando os Vingadores em frente ao espelho. No final, o melhor de tudo é que o Homem-Aranha não precisa do uniforme para provar o verdadeiro herói que ele é.

Os vilões

Michael Keaton está entre nós. E ele nos entrega o melhor vilão possível. Não só malvado, ele tem motivações que nós mesmos teríamos na situação dele. Ele quer ajudar a família, se preocupa com ela e só por isso faz o que faz. E os heróis e os Vingadores também tem sua parcela de culpa. É no momento que ele confronta Peter que temos o auge do filme, com uma interpretação perfeita de um duas caras. É nesse momento novamente que temos o nosso Peter raíz, com mil preocupações e um senso de justiça pra lá de tocante.

Temos ainda a aparição de dois Shockers, também excelentes e com motivações bem colocadas. Aqui uma aparição rápida também do Gatuno, com Donald Glover, e ele diz que tem um sobrinho. Os fãs piram na referência de Miles Morales. E no final, a chegada do Escorpião! Mas não espere o vilão com uniforme e tudo mais.

Referências e Easter-Eggs

As referências estão por toda parte e muitas podem ter passado despercebido. Se você viu mais alguma, deixe nos comentários. Mas vamos lá: temos Guerra Civil bem presente, a participação do Capitão América em vídeos para os estudantes (são muito bons), temos também a ideia de como está o mundo pós tratado de Sokovia (o Capitão América ainda é um traidor), temos Gatuno falando sobre Miles Morales, temos Betty nos vídeos da escola (parece a Gwen), o diretor do High School, as consequências da batalha de Nova Iorque e material Chitauri por todos os lados, e claro, as referências ao Homem-Aranha de Sam Raimi na cena da barca. Temos ainda a Torre dos Vingadores de mudança para a nova base, o desfecho com mais uma referência de Homem de Ferro 1, com uma quase coletiva reveladora “a la” ‘Eu Sou o Homem de Ferro’ e, um novo uniforme fantástico oferecido para Peter por Tony Stark (lembrou dela?). Mas uma das mais marcantes é a da adaptação de Peter correndo pelos pátios da vizinhança tal qual Ferris Bueller em curtindo a vida adoidado. Genial.

E no final, bom, chega de spoilers. Também não dá pra entregar tudo, se não perde a graça 😉