CríticaFilmes

Han Solo: Uma História Star Wars | Crítica

Chegou o momento de falar do novo spin-off do universo Star Wars. E aí, será que acertaram?

Falar de Han Solo: Uma História Star Wars é pisar em um solo movediço. Passada a primeira sensação de um compensador alívio após a sessão, chega também a ideia de que “ok, é um bom filme, mas será que não faltou nada?”. O sentimento inicial pode ser dúbio pelo simples fato de estarmos falando de um dos maiores universos já vistos, com um dos personagens mais cativantes dos últimos 40 anos de cinema, imortalizado por ninguém menos que Harrison Ford, um ator cravado como ícone na cultura pop. O jogo já é duro sem mesmo ter começado, e as comparações quase inevitáveis. Com todo esse contexto, é possível que o novo Solo possa sim dividir um pouco das opiniões, mas desde já se pode dizer que qualquer receio envolvido na produção pode ser deixado de lado. Ron Howard, mesmo pegando um trem andando – os primeiros diretores Phil Lord e Christopher Miller (Uma Aventura Lego) foram dispensados depois de um bom período de gravações – fez como de costume um bom trabalho, conseguindo sim fazer boas homenagens ao mundo criado pelo amigo George Lucas, e até mesmo o seu próprio mundo cinematográfico. Vale lembrar que a sua versatilidade garantiu filmes como Willow – Na Terra da Magia, Uma Mente Brilhante e Rush – No Limite da Emoção, em sua carteira. A dualidade desse parágrafo se completa com um questionamento: Será que essa correção de rumos não tirou o diferencial que o filme poderia ter? O raciocínio vai se completando ao decorrer do texto.

Alden Ehrenreich é Han Solo e Joonas Suotamo interpreta Chewbacca, uma das duplas mais amadas do cinema.

Ron Howard entrega um filme redondo, sem grandes arestas (ainda que elas existam) e crava seu nome na franquia Star Wars com certo louvor. Han Solo é uma aventura espacial como poderia ser, explicando algumas questões históricas da saga – locais onde residem os momentos mais emocionantes para os entusiastas da série – e moldando o caráter de Solo (bem interpretado por Alden Ehrenreich) e o nosso Wookie preferido e sempre cativante, Chewbacca (Jonas Suotamo). Ao mesmo tempo, o diretor entrega um produto que não nos tira do lugar comum e também não nos leva a momentos de êxtase, como vimos em Rogue One: Uma História Star Wars. Estamos sim no mesmo universo, mas é isso. O filme não segue a linha do humor escrachado, para onde poderia se diferenciar, nem tão pouco para níveis grandiosos de seriedade. É uma fórmula de blockbuster funcional. E ponto. Sem o encantamento final de uma missão suicida ou um legado extraordinário para a nossa galáxia tão distante, a cabo que muita expectativa pode levar o expectador a uma certa sensação de frustração.

Emilia Clarke, a sempre cativante Mãe dos Dragões, agora como Qi’ra.

Mas Solo também tem méritos. O medo exagerado no protagonista pode ser dispensado. Alden entrega um bom jovem Han Solo. Nele temos o espírito traiçoeiro e canastrão de um Harrison Ford em formação. Menos sagaz e mais puro, ele cumpre todos os requisitos que lhe são colocados nas costas. E vamos admitir que o peso era grande. Sua relação logo de cara com o seu par Qi’ra (Emilia Clarke, a nossa Daenerys, mãe dos Dragões) é essencial para vermos que ali batia um coração mais aberto e menos gelado. O “quase” mentor Beckett (Woody Harrelson sendo Woody Harrelson) também o ajuda nessa jornada de formação. Algumas explicações ficam aquém. A exemplo da esperada origem de seu nome completo e o fato de não haver um passado que lhe concedesse a alcunha de bom piloto espacial (pelo menos podia ser mais explorado). Mas a sua relação com Chewie está firme desde o primeiro contato (momento onde fãs vão suspirar), e lembrar que hoje em dia no cinema os personagens podem ser bem poliglotas (Thor fala Grootês, então Solo fala a língua dos Wookies).

Reunião de amigos (será?) no clássico tabuleiro holográfico da Millenium Falcon.

Outro personagem marcante Lando Calrissian, vivido pelo sensação do showbizz Donald Glover. O cara, que está em todas, entrega o melhor do que se pode esperar pelo ‘velho’, digo, ‘novo’ mercenário espacial. Ele também é responsável pelo crescimento do nosso protagonista, com direito a adaptação de uma das frases mais célebres de Solo em Star Wars (outro momento que vai arrancar um sorriso maroto dos iniciados). Afinal, como já se sabe desde a década de 70, é ele que vai perder a Millenium Falcon numa aposta de bar. E claro, ele desde sempre era estiloso em seu visual. Como deveria ser. É com ele também que a lacuna dos dróides é suprida com a divertida L3-37, a robô travestida de militante (de várias causas). A atriz Phoebe Waller-Bridge (da divertida série Crashing) é quem nos conquista mesmo por baixo da lataria toda.

L3-37, Solo e o estiloso Lando Calrissian na cabine mais clássica de Star Wars

Completando todo o time, temos o nosso Jon Favreau como o divertido macaquinho de quatro braços Rio (você que lê a Vigília sabe que somos fãs dele), Thandie Newton (Westworld) e Paul Bettany (o Visão de Vingadores: Guerra Infinita). Esse último, por sua vez, não consegue entregar uma ameaça que nos preocupe. E isso com certeza tira o peso da história. Por fim, mas não menos importante, a aparição de Warwick Davis, em uma ponta que é ao mesmo tempo uma homenagem. Ele é o nosso Willow e está na maioria dos filmes de Star Wars, Harry Potter, O Guia do Mochileiro das Galáxias e até Doctor Who. Ficou na dúvida? Então joga no Google. Foi legal ver ele sem estar escondido em grandes aparatos.

Faltava uma foto da Millenium Falcon completa? Não falta mais!

Passados todos os momentos de atores que gostamos e até saudosismos, voltamos à trama, que parece um tanto genérica. Talvez no meio dela você possa se perguntar: “mas o que eles estão fazendo afinal?”. Pois é, aqui o principal escorregão, e talvez proposital. Falta à Han Solo: Uma História Star Wars um peso e uma sensação de urgência com que nos dê alguma preocupação. Talvez a perda de um personagem nos deixasse um pouco mais saciados pela jornada do nosso quase herói. Como se esperava, também presenciamos como ele e Chewbacca completaram o famoso Percurso de Kessel em menos de 12 parsecs. Mas essa também é uma bola que estava quicando e nem chega a ser spoiler. Mais uma divertida lacuna que é preenchida do cânone criado por Lucas. E no final, é claro, uma surpresa ainda maior, o que nos leva a um forte questionamento de cronologia desse universo, mas que une a trilogia original com a segunda (aquela do Anakin/Darth Vader em formação). Salvo uma explicação muito marcante, o raciocínio entre idades de alguns dos maiores protagonistas de Star Wars (de todos os filmes) pode dar um nó na sua cabeça. Será que vão explicar isso ou será que é uma ponta solta que ninguém percebeu? Só Kathleen Kenneddy poderá nos explicar… Será?

Uma história Star Wars merece uma estampa à sua altura! Confira as estampas mais legais de Han Solo da Chico Rei: https://goo.gl/6w3ps3

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *