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Halston: Ryan Murphy refaz vida e morte do astro da moda

Halston, a nova minissérie de Ryan Murphy na Netflix, estreou e já figura entre as grandes obras para a TV em 2021. Com uma roupagem única – também pudera, faz jus a um dos maiores nomes da moda mundial – a novidade reúne de forma competente todos os aspectos necessários para uma boa série: excelentes atores, ótima trilha sonora, a reconstrução de épocas marcantes, indo dos anos 50 aos 90, figurinos exuberantes, e, o mais importante, que é a própria saga de apogeu e queda de Roy Halston Frowick (1932 – 1990), o estilista que vestiu celebridades e marcou época, seja na alta costura quanto na simplicidade do dia a dia. A história real, como sempre, tem seus exageros em alguns pontos, mas nada que prejudique a imersão nesse mundo.

https://youtu.be/ObaYtkq3DVo

Como obra biográfica, Halston segue uma linha narrativa bem linear. Ryan Murphy e a equipe de roteiros, junto com o diretor Daniel Minahan (nome que já passou por séries como Game of Thrones, Homeland, House of Cards, Hollywood e Ratched), optou por imprimir um ritmo interessante aos cinco episódios (cada um com pouco mais de 40 minutos). Para quem gosta de uma maratona, a série flui perfeitamente. Do ponto inicial ao final (da vida de Halston) temos apenas algumas inserções de flashbacks de sua infância, mostrando que sua casa pode ter sido palco de violência doméstica. A história portanto se apropria desse processo de traumas passados para contrabalancear seu talento como designer. A proposta funciona.

Halston e Liza Minnelli na vida real. Imagem: Reprodução

E como se pode prever, em uma série que perpassa principalmente os anos 70, 80 e chega aos 90, vemos o mundo da moda como se imagina, misturando suas doses de erotismo, sexo, drogas, glamour, sucesso e fracasso. Falar de Ewan McGregor e sua ótima atuação como protagonista é chover no molhado. Todo o núcleo principal vai muito bem, passando pelo surpreendente Bill Pullman como o empresário David Mahoney, uma espécie de padrinho comercial que alavancou a carreira de Halston, na grande presença da melhor amiga Liza Minnelli vivida por Krysta Rodriguez; e chegando em Rebecca Dayan como Elsa Peretti e a pequena participação de Rory Culkin (sim, o irmão de Macaulay Culkin, de Sinais) como Joel Schumacher (ele mesmo, o cineasta). Todos muito sintonizados com o contexto de tudo que se passa e mergulhados em cada personalidade que representam.

HALSTON: Krysta Rodriguez está impecável como a oscarizada Liza Minnelli

Apesar de mostrar uma pessoa afável, mas sempre com aquela autoconfiança exagerada, que migra para a arrogância de quem acaba de construir um verdadeiro império, repleto de sucessos de público, crítica e conta bancária, podemos ver Halston com camadas bem interessantes. A atriz Vera Farmiga auxilia nesses momentos, em uma rápida participação. E claro, com a chegada da década de 80, temos o combo clássico: sexo, drogas e música, com a famosa casa noturna Studio 54 num pano de fundo, onde de quase tudo acontecia. Apesar de apimentar cenas aqui e ali, a produção acaba até aliviando algumas situações. A família de Halston, é claro, assim como na maioria das produções baseadas em fatos reais, já se manifestou contra algumas dramatizações da obra. É do jogo.

Um mérito importante para Halston, e este tipo de cinebiografia, é que desta vez não temos a fórmula clássica de começar pelo fim, regredindo a cronologia até que a trama feche sua elipse (vimos isso em Bohemian Rhapsody, Simonal e RocketMan) retornando ao ponto de partida. Terminamos a saga de Halston e seu legado para o mundo de uma forma simples, tal qual optou o próprio estilista ao reconhecer que sua vida chegava ao fim por decorrências do vírus da AIDS. Com isso, temos mais uma bela obra carimbada por Ryan Murphy no catálogo da Netflix.

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