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Guerra Fria: amor em preto e branco | Crítica

Não sei você, mas eu não tenho o costume de assistir filmes em preto e branco. Acho que a última vez que fiz isso, ainda estava no começo da faculdade, então, uns seis anos atrás. Guerra Fria foi uma surpresa muito agradável nesse quesito. Dirigido por Pawel Pawlikowski, o filme entra em cartaz aqui no Brasil no dia 7 de fevereiro, já com três indicações para Oscar 2019: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção e Melhor Fotografia.

Guerra Fria não é um filme simples, de maneira alguma. Para quem está acostumado com os padrões de blockbuster, a cronologia e a disposição do conteúdo durante o filme podem causar um estranhamento. Porém, há um grande acerto tanto nos tons de cinza usados para a formação do filme quanto a remontagem de uma época que muitos de nós não vivemos e só vimos através dos livros de história. Enquanto muitos filmes de “época” acabam se tornando maçantes ali pela metade, Guerra Fria se mantém seguro e estável do início ao fim.

A perfeição na montagem dessa cena é incrível

Acompanhamos a história do maestro Wiktor (Tomasz Kot) em busca de encontrar o que há de melhor em questão de arte no interior na Polônia e a jovem Zula (Joanna Kulig), que precisa sobreviver em meio a tudo o que está acontecendo em seu país. Sem spoilers, porém, há uma parte no filme quando você pensa “ah, tudo bem” e então, não está mais. E tudo muda. Plot-twist esperado, mas feito de uma maneira muito direta.

Fazer uma crítica simples e direta ao regime político, a essa altura do campeonato, não iria fazer de Guerra Fria ser um dos favoritos na corrida pelo Oscar, então tudo está nos detalhes. A dica é prestar atenção às sutilezas do filme, como os discursos são formados e como as cenas são dispostas. Uma das mais comentadas é a das teclas do piano na Polônia e depois em Paris. Fiquem ligados nesse momento!

Aquele momento que cê acha que tá tudo bem

O romance, a música e tudo mais pode tirar seu foco, mas Guerra Fria é também um filme sobre a luta de um povo, sobre as memórias de regimes totalitaristas e ditaduras que forçam com que as pessoas se moldem de acordo com o padrão imposto. É, literalmente, um filme para assistir e se questionar: só o amor é o bastante? Do tipo, há como deixar todas as divergências de lado e viver só de amor ou há a necessidade de uma mudança?

O diretor Pawel Pawlikowski afirmou que este filme é uma homenagem aos seus pais, portanto, os protagonistas levam seus respectivos nomes. Eles morreram em 1989, antes da queda do Muro de Berlim. Ao longo de 40 anos de relacionamento, assim como os protagonistas, eles viveram entre idas e vindas, sempre um atrás do outro.

Por tudo isso, Guerra Fria é um ótimo filme – que com certeza merece estar entre os favoritos para o Oscar – porém, para o público não muito acostumado com esse tipo de produção, pode não ser a produção mais indicada.

Mas a Vigília recomenda!

Veredito da Vigilia

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