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Gosto Se Discute, a comédia Masterchef de Kéfera e Cássio Gabus Mendes

Em sua segunda incursão no mundo cinematográfico, a Youtuber mais famosa do Brasil mostra evolução.

Uma comédia despretensiosa que mistura culinária e o conflito entre o chef experiente e consolidado contra o ex-pupilo novato e talentoso. Com essa premissa, Cássio Gabus Mendes dá vida ao chef Augusto na produção Gosto Se Discute. O filme, que tem roteiro e direção de André Pellenz, também se apoia na fama da Youtuber mais famosa do Brasil, Kéfera Buchmann, que novamente se lança na carreira de atriz. O longa estreia dia 9 de novembro em circuito nacional, e leva vantagem sobre as demais comédias brasileiras de 2017.

Construindo um panorama de entretenimento e o clássico cinemão pipoca, Gosto Se Discute entrega um filme típico de Sessão da Tarde que vai agradar muita gente. É importante constar que perante as últimas comédias brasileiras, o filme se destaca com facilidade (não por méritos seus, mas por deméritos da concorrência). E fica fácil perceber que ele poderia ter sido melhor elaborado. Muitas piadas funcionam bem, mas poucas ficam a cargo da dupla protagonista. Nesse caso, os coadjuvantes e o elenco de apoio roubam a cena. Entre eles estão Josenildo (Robson Nunes), Romualdo (Paulo Miklos), Robervânio (Rodrigo Lopez) e Reginaldo (Zéu Britto). Eles vão te fazer rir sem precisar gritar, ofender ou apelar para alguma cena escatológica, e só isso já é motivo de comemoração. Fica a dica para que produções como Penetras 2 e Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola possam aprender.

Cristina (Kéfera) é uma agente de um banco que também é sócio do renomado chef Augusto. Como os negócios não vão bem, ela é enviada para tentar salvar o restaurante. Na pele da megera que só pensa em trabalho, a agora atriz entrega uma melhor interpretação e evolução em relação a si mesma. Com o veterano Cássio Gabus Mendes, as coisas até parecem ficar mais fáceis. Mas não se engane, a relação dos dois não foi bem trabalhada e no momento em que as coisas esquentam, parece que está faltando alguma coisa. Por mais que já fique sempre implícito o que vai acontecer, a química entre os dois não apareceu. E embora a diferença de idade entre os atores seja daquelas do tipo, “quando Cássio fazia novelas Kéfera nem tinha nascido”, não é essa a questão. Visualmente o trato de envelhecimento nela e do rejuvenescimento nele funcionaram muito bem. Vale o destaque. O problema é realmente comprar o envolvimento entre eles, que não existe e aparece como num passe de mágica.

Já a história vai direto ao ponto sem rodeios. E talvez isso seja uma das grandes falhas. A ideia podia ser melhor elaborada, os dramas melhores desenvolvidos e as resoluções mais detalhadas. Ficando tudo numa camada superficial. A sensação é de que faltaram ideias para que o envolvimento de direção, atores, história e falas pudessem todos entregar um resultado melhor. Algumas explicações ficam todas no ar e faltam motivações para que a dupla acabe como acabou. Até mesmo a trilha sonora ficou um tanto descolada das cenas, principalmente no final do filme. Nem mesmo o jovem rival de Augusto, o também chef de cozinha Patrick, interpretado por Gabriel Godoy, acaba sendo uma grande ameaça, como se imagina que vá ser.

Longe de ser um primor de originalidade e de qualidade, Gosto Se Discute acaba entregando não um prato principal, mas um bom tira gosto. Faltou tempero e feijão para ficar acima da média. Nesse pensamento, até vale a pipoca.

Atualização: o filme já está no catálogo da Netflix.

Veredito da Vigilia

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