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Godzilla: o devorador de planetas | Crítica

Desde que o primeiro filme da trilogia do novo Godzilla ‘japonês’ estreou na Netflix, em janeiro de 2018, a história se mostrou complexa. Esse padrão teve sequência no segundo e agora também no terceiro longas em animação. Godzilla: O Devorador de Planetas encerra a história, se mostrando o mais filosófico dos três. Sua proposta finalmente fica mais clara, o que foi um pouco mais difícil de perceber anteriormente. Com certeza, esse vai ser o mais fácil de digerir.

A continuação é direta do segundo longa, Godzilla: The City on the Edge of Battle, mostrando como o capitão Haruo Sakaki lida com a frustrante tentativa de eliminar Godzilla, e de como isso repercute em diferentes meios. Haruo foi sendo lapidado ao longo da trilogia, passando de um garoto que precisou sair fugido da Terra com medo do monstro, para um agora capitão promovido pelas circunstâncias, e que é alimentado pelo ódio em eliminar o réptil gigante. Sakaki é um meio termo dentro da história, assim como os humanos, que são uma das inúmeras raças apresentadas na trama. Os bilosaludos são os que mais confiam na ciência, querendo inclusive se fundir com as máquinas. Por último, temos os exifs, que são o lado filosófico, pendendo bastante para o religioso.

Até o Haruo ficou todo confuso com tantas questões filosóficas nesse filme.

Quanto mais avançamos na narrativa, mais entendemos as diferenças de pensamentos entre essas três raças, e por isso, esse terceiro filme é o mais fácil de interpretar. Os bilosaludos fundiram-se com o nanometal existente na Terra no final do segundo filme, enquanto que os exifs, representados aqui pelo amigo de longa data de Haruo, Metphies, aproveitaram a ocasião da não queda de Godzilla, para fundar uma seita e invocar Ghidora, eterno inimigo do monstrão, que inclusive estará no novo filme hollywoodiano, Godzilla 2: O Rei dos Monstros.

Pois bem, não é que Ghidora estava dando cabo de Godzilla? Mas aí temos a intervenção de outra raça importante na história toda, que são os houtas, que parecem venerar Mothra, outro personagem do cânone de Godzilla, e que também estará no filme americano que estreia em 2019. No final das contas, a luta entre os gigantes só serve para reafirmar a visão de torcermos ou não torcermos para Godzilla durante as suas aparições. Nessa trilogia, temos como um baita pano de fundo os conflitos e ambições humanos, que até hoje acabam com o nosso planeta e provocam inúmeras guerras. Em uma cena, onde Haruo e Metphies estão filosofando sobre a vida, temos uma nítida referência da Segunda Guerra Mundial, e de como o anseio por um desenvolvimento desenfreado por novas tecnologias, muitas vezes nocivas, não desaparecem do coração humano, mesmo quando tudo está em paz.

Uma das referências da Mothra no filme.

Godzilla: O Devorador de Planetas estreou nos cinemas japoneses em 3 de novembro e 7 de janeiro de 2019 na Netflix, fazendo muitas pessoas refletirem sobre diversos temas, que certamente pegarão o público de surpresa. Um bom filme, para encerrar uma trilogia arriscada, que possui um traço nada habitual para um anime (mas que está sendo usado com uma certa exaustão, até forçadamente em algumas produções) e com um roteiro pesado. A conclusão faz tudo valer a pena nessa produção, caso você insista nela. Mas, certamente, será bem diferente do que veremos no blockbuster de 2019.

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