Opinião

Girlpower: é a nossa vez!

Hollywood vem mudando. As vozes que antes eram caladas agora tomam a frente. Movimentos como o “Time’s Up” e o #MeToo provam isso. É tempo de revolução. Mulheres, negros, LGBTQI+ e outras “minorias” começam a tomar de volta terrenos que sempre foram – ou deviam ser – seus.

Pantera Negra nos mostrou isso com um elenco fantástico e trouxe à tona debates sobre a importância da representatividade. Mulher-Maravilha também fez isso. Assim, cada vez mais torna-se possível ver gente real interpretando papéis de destaque e disseminando ideias mundo afora. As mulheres latinas, por exemplo, que antes interpretavam, basicamente empregadas, criminosas ou barraqueiras, pouco a pouco tornam-se personagens multifacetadas, com personalidades mais exploradas e histórias mais profundas.

Jane, The Virgin, seriado americano de comédia romântica sobre uma virgem que fica acidentalmente grávida (sim, você leu certo) é um ótimo exemplo disso. Gina Rodriguez, de origem porto-riquenha, que interpreta a personagem-título hoje trabalha como produtora da série e diretora de alguns episódios. Além de Jane, sua mãe (Andrea Navedo, de origem porto-riquenha), sua abuela (Ivonne Coll, nascida em Porto Rico) e seu pai (Jaime Camil, brasil-mexicano) são, claramente, latinos também.

Jane The Virgin

Rodriguez, que estará em Aniquilação, junto de Natalie Portman, reuniu diversas outras atrizes e profissionais do ramo televisivo em um café da manhã memorável. Juntamente com America Ferrera (eterna Ugly Betty), elas lançaram a hashtag #fiercelylatinas (algo como “latinas ferozes”). O objetivo é promover suporte umas às outras, mostrando que unidas são mais fortes, e, que assim podem alcançar mais.

One Day at a Time também merece destaque. A série acompanha uma família de origem cubana que reside nos EUA. Seu elenco é fiel aos personagens e faz jus a várias tradições, vocábulos e costumes cubanos. Ainda falando de sitcoms, não podemos deixar de mencionar Brooklyn Nine-Nine. A série sobre detetives de uma delegacia nova-iorquina tem o seu elenco principal constituído por sete pessoas. Dessas sete, duas são mulheres latinas (Stephanie Beatriz e Melissa Fumero) e dois são homens negros (um deles interpretando um personagem homossexual). Fazendo as contas, vemos que as “minorias” são, na verdade, a maioria nessa série hilária, que acaba tratando sobre assuntos como racismo e sexismo. O elenco feminino dessas duas séries juntou-se a essa equipe maravilhosa de #fiercelylatinas, que hoje podemos ver realmente dando incentivo e fazendo com que suas amigas ganhem cada vez mais destaque.

O elenco de Brooklyn Nine-Nine

Atualmente a hashtag disseminou-se e o termo começou a ser usado por mais atrizes e fãs por aí. Vale a pena seguir todas elas no Twitter e vê-las compartilhando cada conquista e dividindo cada momento de superação.

Além da sororidade e da possibilidade dessas fortes mulheres ajudarem a alavancar a carreira umas das outras, mostrando cada vez mais latinas nas séries e filmes americanos, isso tudo nos serve como lição. A ferocidade de lutar com garras e dentes pelo seu espaço no mundo e no mercado de trabalho, aliando-se a quem quer que esteja ao seu lado não é algo que se vê todo dia.

Por mais que vivamos em tempos de fortes movimentos feministas, ainda é muito comum reduzir a mulher à sua vestimenta e a adjetivos sexuais. Ainda é muito comum mulheres acharem que têm de competir umas com as outras, em vez de se unirem.

Toda essa movimentação lá fora tem o poder de impactar o nosso país também, basta sabermos que cabe a nós absorver todos esses conteúdos e fazer a diferença aqui. Vamos ter orgulho de nossas raízes, seja elas quais forem; de nossa sexualidade, não importando a opinião alheia; de nossos sonhos, ignorando o quão distantes eles pareçam ser.

Vamos fazer o que sempre fizemos. Vamos revolucionar o mundo.

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