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George Clooney aborda um drama morno em Bar Doce Lar

Já disponível no catálogo do Prime Video no Brasil, Bar Doce Lar (adaptação do nome original The Tender Bar) é mais um filme competente, e até certo ponto, consistente, na carreira de diretor do astro George Clooney. Depois do esquecível O Céu da Meia-Noite, produzido para o streaming concorrente (Netflix), e do esperto Suburbicon: Bem-vindo ao Paraíso, seu último filme que passou nos cinemas, ele investiu em um drama sobre amadurecimento e figuras paternas, tendo em Ty Sheridan e Ben Affleck seus pontos fortes. “Bar Doce Lar”, ou The Tender Bar é um filme morno e sem grandes reviravoltas, mas bom o suficiente para valer o seu “play” em um serviço de streaming. Se não é nada tão grandioso, pelo menos não entra na mediocridade dos telefilmes que os streamings estão se acostumando a entregar.

O filme é baseado no roteiro de William Monahan, que adapta o livro de memórias (homônimo) de J. R. Moehringer, que no filme vira J. R. Maguire, interpretado por Ty Sheridan (Jogador Nº 1, X-Men: Fênix Negra) na fase adulta, e pelo estreante Daniel Ranieri, na infância. Apesar da boa apresentação dos dois, é no Tio Charlie, vivido por Affleck, que temos os pontos altos da trama. Aliás, vamos à ela: JR é criado pela mãe (Lily Rabe), que, com dificuldades financeiras, precisa voltar para casa do pai (Christopher Lloyd, sempre bom revê-lo!). Seu pai é um proeminente DJ de rádio, nos idos dos anos 70, época em que essa carreira era realmente interessante. No entanto, JR nunca teve a presença paterna, que não passava de uma voz conhecida no rádio. É focado nessa ausência, e nas figuras paternas que o substituem, que Bar Doce Lar se sustenta. JR quer ser escritor e orgulhar a mãe. Seu tio Charlie é uma das maiores influências, e boa parte de suas “aulas” serão enquanto ele trabalha, no bar, que tem o sugestivo nome de The Dickens, ainda mais para quem quer ser um escritor.

Bar Doce Lar Christopher Lloyd
O icônico Christopher Lloyd, aos 83 anos, empresta seu carisma para o longa de George Clooney

O problema do longa não é técnico. George Clooney entrega tudo num pacote muito caprichado: cenografia, figurinos, trilha sonora e representação dos 70/80… está tudo no lugar certo. O maior problema é fixar no drama de JR, que é cozinhado em fogo baixo do início ao fim, sem ter conseguido me fisgar ou conquistar de uma maneira contundente em qualquer que seja das fases de sua vida: infância, adolescência e chegada à vida adulta. Tudo é muito morno, sem grandes apelos. Sem sal. A vida muda na tela, realmente quando temos a forte presença de Ben Affleck, que por sinal, foi indicado ao Globo de Ouro por sua atuação, como ator coadjuvante.

A vida do jovem JR tem alguns desafios, uma relação amorosa que é uma tragédia atrás da outra (e sempre pela mesma paixão) e pequenas vitórias. Uma história baseada em fatos reais, que basicamente replicam o início promissor de um escritor que não veremos tão bem sucedido, pois o filme não se apega a contar esta fase da vida. E com tudo isso, George Clooney entrega um filme direto, simples, básico, todo bem feito, mas sem uma grande emoção contida. Uma história que passa longe de dramas mirabolantes, mas que valem a pena pela sua condução. Afinal, nem toda vida tem uma história assim, tão cinematográfica, não é mesmo? Ao mesmo tempo que não tem um apelo tão pretensioso quanto sua ficção científica da Netflix, é uma evolução de qualidade. E que só faz aumentar a curiosidade sobre sua investida é possível direção do piloto de O Cavaleiro da Lua, nova série da Marvel Studios que chega ainda este ano ao DisneyPlus e que vem sendo creditada a Clooney. Ele já provou que pode abordar qualquer estilo.

Veredito da Vigilia

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