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Gamebros | Crítica da 1ª Temporada

Com apenas seis episódios, Gamebros é uma série de produção nacional que pode enganar bastante o telespectador.

Numerando:

1º) Pelo nome, que sugere algo relacionado ao mundo dos games;

 

2º) Pelo tema, agora explicando um pouco, um departamento da polícia – Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa CHPP – utiliza hackers para ajuda na solução dos crimes, quase todos ligados à tecnologia. Ótima premissa, mas engana-se quem acha que teremos uma trama policial inteligente;

 

3º) Ainda falando do foco na tecnologia, apesar das telas e conceitos tecnológicos esforçados, a história força muito o drama da “deep web” e coloca medo no telespectador sobre o funcionamento da internet “oculta”. Ok, estamos falando de uma ficção, então vamos tentar não levar tão a sério, mesmo que nos créditos iniciais digam ser tudo realidade.

 

4º) Não tem como elogiar o roteiro e as atuações. Ainda estou tentando entender a série. Ou a trama é tão intrincada que eu (como consumidor mediano de conteúdo) não entendi, ou é rasa demais que passei batido e me perdi no significado. História desconexa, insere personagens para tentar melhorar a trama, mas não resolve os personagens anteriores. E o principal defeito: atuações pra lá de cafajestes. Para não dizer que são ruins, leve com bom humor e se divirta, com olhares e trejeitos muito forçados, diálogos que fazem o pessoal da Malhação merecerem o Oscar.

 

5º) Vergonha alheia dos efeitos especiais, principalmente no primeiro episódio (que deveria ser mais esforçado para cativar a audiência) na cena das moscas. Se você procura algumas risadas, vale conferir.

 

 

 

Gamebros é avatar de Heitor (Leandro Mazini), um investigador policial e hacker.

Agora, vamos a mais alguns relatos e questionamentos (me ajude nos comentários!)

  • Não sou frequentador de delegacia e de departamentos policiais, mas ainda em 2018 é permitido fumar em ambientes fechados?
  • Gamebros é o avatar do hacker policial Heitor (o “super” galã Leandro Mazini), que é o ápice da canastrice e fala como locutor como se estivesse quebrando a quarta parede;
  • Não cabe a mim criticar as opções pessoais das pessoas e nem os processos internos da polícia e outros departamentos públicos, mas penso eu que um policial fumar maconha e usar computador com Windows para suas ações na deep web, me parece bem estranho;
  • Para executar algumas funções hacker (no Windows) ele abre os famosos prompts de comandos e digita linhas de programação em C;
  • Usa luvas para acessar a deep web na sua própria casa (what?), mas depois tira uma das luvas;
  • Nesse departamento policial, onde ninguém se entende, todos ficam puxando o tapete de todos, não há lealdade ou ética, um esconde informação do outro nas investigações dos crimes, deixando bem entendível porque no Brasil muitos crimes não são resolvidos (partindo do princípio que é assim o funcionamento desses departamentos). Dentro desse ambiente “policial” estagiário chama secretária pra sair, secretária chama investigador pra sair, delegada utiliza da “máquina” para casos pessoais, não tem como dar certo;
  • Detalhes técnicos como um endereço IP em formato errado (ok é ficção);
  • Heitor (o Gamebros), apesar de ter dois assistentes, tem todas as afirmações aceitas por todos os investigadores, delegados sem o menor questionamento ou argumentação;
  • A entrada de Gael como novo assistente, ocupa um terço da trama e se esquece dos crimes que vinham sendo investigados (se teremos uma segunda temporada, talvez voltem aos crimes), que deveriam ser o plot principal da série;
  • Mais uma vez inserem um personagem no final (exemplo de deus-ex-machina ou ainda falta de coerência no roteiro original) entregando quem é o locutor, ou melhor, mostrando isso, deixando o telespectador com dúvidas para uma possível segunda temporada (que dificilmente virá);
  • Tudo realmente aconteceu como dizem nos créditos iniciais? Se sim, custa linkar com as notícias originais, assim como Narcos fez muito bem, por exemplo?
  • Gael (Julio Oliveira) trabalha a três dias no departamento e já é totalmente confiável e todos o aceitam (mesmo ele hackeando suas informações para entrar na polícia) sem nem conferir os antecedentes e históricos (mesmo com as informações hackeadas, deveria ser melhor conduzido pela polícia essas contratações);
  • Frases cafajestes: “Até o inferno tem uma porta de entrada e se chama deep web” e “ A morte… o maior mistério da vida?” Para você ficar refletindo o resta da semana.
  • A delegada (Ana Paula Lopez) mata sequestradora (spoiler???);
  • Gilda, a secretária (Ceçary Goldshmidt), qual é a dela?

 

Bem, essa duas últimas terão que ser respondidas caso a série tenha um segunda temporada, e se houver uma possível conclusão esperamos uma melhora na narrativa.

 

Gamebros é uma daquelas séries que te tira do sofá (de raiva), te diverte (com as atuações toscas), e te informa e te faz pensar sobre como a polícia e a tecnologia funciona (ou não!).

Caso você tenha gostado, por favor entre em contato e use os comentários para dizer o que lhe fez ver por este outro lado.

 

A nota abaixo é referente a iniciativa do tema em forma de série-ficção.

Éderson Nunes

@elnunes

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