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Eternos consegue aumentar ainda mais a escala do Universo Marvel

Eternos, que estreia no dia 4 de novembro em todo o Brasil, aumenta ainda mais a escala do Universo Cinemático da Marvel. Depois de apresentar mundos mágicos, tecnológicos, diferentes raças e planetas, Kevin Feige deu à diretora Chloé Zhao a missão de apresentar um novo grupo e novas possibilidades. Eternos transcende tudo que já foi mostrado e deixa várias portas abertas para o futuro do MCU. Com uma assinatura muito clara da vencedora do Oscar por Nomadland, Eternos é visualmente bonito, cheio de grandes panorâmicas, e traz a mais diversa equipe já vista nas telas. Competente em explicar algumas dúvidas que poderiam surgir para aqueles que acompanham os filmes dos heróis da Casa das Ideias, o longa peca somente por se assemelhar muito aos filmes envolvendo a Liga da Justiça (tanto a versão de Joss Whedon como de Zack Snyder), se preocupando muito com a plasticidade de heróis e vilões. Tudo é muito épico. E isso acaba nos tirando uma preocupação mais genuína ou uma consequência direta mais humana. Até temos as conexões com o mundo e pessoas, mas elas ficam relegadas a subtramas apresentadas de forma apressada. O mundo está em perigo, mas não sentimos a ameaça concreta na sociedade. Um dos ingredientes que faz a Marvel ser a Marvel, dessa vez fica de lado.

Na verdade, introduzir personagens como os Eternos, Celestiais, Deviantes e suas místicas são realmente grandes trunfos para a Marvel. Assim como já havia sido com os Guardiões da Galáxia, heroínas e heróis da série C da editora, agora temos outros tantos. E o cardápio de atores e atrizes introduzidos em tela mostra que o amadurecimento da Marvel no cinema chegou a um patamar quase inimaginável alguns anos atrás. Resta saber se eles poderão se conectar de forma mais íntima ao público. A missão está nas mãos de Kevin Feige e seus diretores.

Mas focando na trama do filme, apesar das 2h35 de duração, a sessão é fluida. Temos idas e vindas na linha temporal que são bem executadas para entendermos tudo que se passa e os porquês das grandes ameaças. Os efeitos visuais dos Celestiais e os designs de produção das tecnologias e poderes são bem trabalhados, apesar de que, como personagens tão poderosos como os Eternos, as batalhas contra os Deviantes acabam não sendo o ponto principal do filme. São convincentes, mas você não sairá da sessão lembrando de grandes batalhas. A semelhança dos poderes de Ikaris (Richard Madden) com o Superman rende bons contraplanos com o sol (que se conecta com sua cena final), assim como uma piada fazendo referência a Distinta Concorrência. Aliás, são duas piadas bem fortes com os heróis da DC. Seria uma piscadela para um futuro crossover?

eternos marvel studios
Sprite/Duende (Lia McHugh), Druig (Barry Keoghan), Kingo (Kumail Nanjiani), Phastos (Brian Tyree Henry), Karun (Harish Patel), Sersi (Gemma Chan) e Ikaris (Richard Madden. Os Eternos reunidos!

O elenco entrega bem a necessidade e o peso da história. Ikaris, o superpoderoso, consegue trabalhar bem as surpresas que entrega ao final. Sersi (Gemma Chan) tem seu carisma, assim como Phastos (Brian Tyree Henry), que é o primeiro herói homossexual da Marvel/Disney no cinema, para o terror dos bolsominions, Makkari (Lauren Ridloff) a primeira heroína/atriz surda, Duende/Sprite (Lia McHugh) é uma entidade que sofre por não crescer, Kingo (Kumail Nanjani) é um dos bons respiros cômicos, Gilgamesh (Don Lee) é o gigante terno, Ajak (Salma Hayek) é a líder espiritual, Druig (Barry Keoghan) é aquele que vai te deixar com uma pulga atrás da orelha e Thena (Angelina Jolie) a guerreira intrépida, que introduzirá um importante conceito para uma grande reviravolta. É interessante, porém, que apesar de ser a grande estrela do elenco, ela tem um papel menos vistoso que os demais. Na verdade, é um ponto positivo.

kit harington e gemma chan
Em Eternos temos introduzidos Dane Whitman (Kit Harington) e Sersi (Gemma Chan)

Mantendo o tom necessário para destoar de tudo que já veio antes no MCU, Eternos se encaminha para um desfecho tão épico quanto seu desenvolvimento. Porém, os Deviantes, apesar de serem ameaças monstruosas, acabam se tornando tão esquecíveis quanto o Lobo da Estepe em Liga da Justiça, e com um CGI tão duvidoso quanto. Por outro lado, os Celestiais e Arishem (ameaça real) estão visualmente incríveis. E apesar do tom épico, a batalha final é ao mesmo tempo grandiosa e sem graça, lembrando um pouco o que os clássicos tokusatsus e suas lutas nas pedreiras da vida faziam.

Ao final de tudo, temos as cenas (1) com uma deixa grandiosa de continuação – inclusive com o letreiro estilo Vingadores com os dizeres “os Eternos voltarão”, uma fala preguiçosa de Dane Whitman (Kit Harington), que volta em (2) uma das cenas pós-créditos, e (3) a igualmente preguiçosa introdução de um personagem da zona “espacial”, dando a entender que teremos uma junção de diferentes grupos pelas galáxias distantes do MCU em breve. Aliás, são dois personagens, sendo um deles com um CGI tão terrível quanto o Deviante antes mencionado.

Eternos é um filme com o espírito adequado para seus personagens e espectros. Não vai revolucionar o gênero, mas prova novamente que a Marvel pode introduzir qualquer personagem dos quadrinhos, sejam eles relevantes ou não. Mas vale muito a experiência. Assista sem grandes expectativas.

Veredito da Vigilia

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