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Escobar: A traição | Crítica

Pablo Escobar foi redescoberto nos últimos anos. Sua história não para de ser recontada, seja em novelas, livros, séries de TV, cinema, documentários e afins. Também pudera, o legado impressionante e quase surreal do seu império ainda ecoa em todo o mundo, sendo um prato cheio para a dramaturgia. No entanto, o disco pode gastar se tocado muitas vezes. E isso prejudica bastante o filme Escobar: A Traição, nome oficial em português de Loving Pablo, que é uma adaptação do livro escrito pela jornalista e ex-amante do patrão do tráfico, Virginia Vallejo. Por sua vez, o original é “Amando a Pablo, odiando a Escobar”, que certamente poderia ter continuado a frente do filme, sem que essa adaptação mercadológica fosse imposta.

Escobar: A Traição vem com a grife de Javier Bardem e Penélope Cruz no papel do casal protagonista. No entanto, em quase duas horas de filme, não tem como esquecer a bagagem que veio anteriormente, principalmente com Narcos e suas duas primeiras temporadas. Contada com mais detalhes nas produções para a TV, a relação entre Escobar e Virginia acaba muito reduzida no filme, que basicamente repete a história, com um viés menos violento e rico. É bem verdade que Javier Bardem encarna com maestria o bandido que já foi o inimigo público número um do mundo. Ele aparece com o físico característico, saindo de forma impressionante de sua fama de galã. Penélope, por sua vez, não está em sua melhor apresentação.

 

A história de Escobar: A Traição perde em quase tudo se comparada com a novela e as séries de TV. Até mesmo a produção, que embora seja cinematográfica, deixa um pouco a desejar, fazendo algumas sugestões que são visivelmente falta de recursos para expor acidentes e tiroteios. Sempre se dá um jeito de cortar momentos mais fortes antes que eles aconteçam ou que um acidente ou outro sejam contados por uma terceira pessoa. Além disso, Escobar: A Traição remete ao mesmo período de tempo do esplendor e queda do patrão do mal.

Verdadeiramente são poucos os méritos da produção. A versão de Escobar de Javier Bardem é também bem menos ameaçadora e menos visceral. Mesmo nos momentos de maior urgência ou apelo, ele não expõe o melhor de sua vilania. Completa o elenco principal o agente do FBI, Shepard, interpretado por Peter Sarsgaard (mais um da família da extensa família de atores). A direção é de Fernando León de Aranoa (Um dia Perfeito, 2015).

O nosso casal 20 está em uma produção meio tardia em Escobar: A Traição

No final das contas, Escobar: A Traição chega com alguns anos de atraso e bem menos impacto. Vale para os interessados (e não são poucos) na vida do mais icônico narcotraficante do mundo, que, com todas suas particularidades, continua sendo o foco de grandes produções. Na dúvida, fique com as primeiras temporadas de Narcos e também Feito na America, que traz um viés ainda mais incrível daquela época. Dicas não faltarão para o cardápio dos famintos por Escobar.

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