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Emoji: O Filme | Crítica

Filme dirigido por Tony Leondis estreia hoje nos cinemas, confira nossa opinião.

Crítica por Maytê Ramos Pires

Este é um daqueles filmes que tinha tudo para dar errado e realmente deu. Foi uma assistência exaustiva, o filme de 1h27min mais parecia um longa de 4h de duração de tão cansativo que foi acompanhá-lo até o final. O roteiro não se justifica e não faz sentido em nada, seja na motivação dos personagens ou no que vende como moral da história, que não convence.

A trama nos introduz a cidade de Textopolis, que fica dentro do aplicativo de mensagens do smartphone do menino Alex (voz original de Jake T. Austin), e é nela que vivem os emojis. Cada um deles tem apenas uma expressão e precisam “vesti-la” em todos os momentos em que estão na rua, independente do que sentem, ou seja, a carinha feliz pode estar triste porque se machucou mas seguirá sorrindo sempre. O conflito do enredo (que é fraco por si só visto que não faz sentido nem a existência da cidade, nem como se desenvolve o “trabalho” dos emojis) está no personagem Gene (voz original de T. J. Miller), que é tipo um erro do sistema e expressa seus sentimentos, sem conseguir controlar pois deveria permanecer sempre com a expressão “meh”, que corresponde a essa daqui: :/

Somos forçados a acompanhar Gene enquanto ele tenta dar um jeito de se reprogramar para se salvar e poder se sentir incluído socialmente. Há outras cidades no celular, cada qual correspondente a um aplicativo e percorremos elas nessa busca de enquadramento e também enquanto entende a importância de criar vínculos afetivos.

O filme até tem uma premissa legal porque tenta pensar a efemeridade das relações entre os jovens hoje em dia, que levam muito em consideração o status da aparência e da visibilidade que se faz possível com os likes recebidos e por vezes desconsideram os vínculos da concretude do real experienciado para além do que as telas e a internet proporcionam. Lamentável é que essa potencial crítica da atual configuração do mundo venha em um filme tão mal executado em que nem o enredo é bom, nem os personagens têm carisma suficiente, e nem o “seja você mesmo” é bem empregado porque os jogos de interesses de sobressaem à identidade e particularidade de cada um.

A única coisa que funciona na exibição nos cinemas brasileiros é a dublagem. Foi uma grata surpresa acompanhar as falas desse filme por elas se mostrarem consistentes na narrativa jovem. Isto se dá devido ao fato de que as gírias usadas pelos personagens não são forçadas, são parte do linguajar natural deles, sendo atual e bem pensadas em relação ao contexto brasileiro.

Algo que não foi avisado antes da cabine de imprensa do filme é de que o Emoji é exibido junto com um curta que o antecede. Isto é, antes de começar o filme somos presenteados com um curta-metragem direcionado ao mesmo público, também em animação e infantil. O curta em questão é Puppy!, da franquia Hotel Transilvânia, e é muito melhor do que o longa que o sucede na exibição.

Puppy! é engraçado e leve. Uma animação bobinha, mas eficaz. Não quer ser profundo nem passar uma mensagem de aprendizado. Ele brinca com o que é ser “fofinho” e com como as crianças não têm o mesmo julgamento e noção dos adultos. O pano de fundo para essas pequenas reflexões é o “au-au” do neto (voz original de Asher Blinkoff) do Drácula (voz original de Adam Sandler). O menino fica obcecado por ter um cachorrinho e é o vô que se responsabiliza por satisfazer a vontade do netinho – tal como nos outros filmes, o curta tem como protagonistas essa família e seu hotel. É questionável a escolha em exibir este curta antes porque ele nos deixa tão leves que não prepara para o impacto do péssimo filme que o sucede.

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