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Em Invasão Zumbi 2: Península, a ação supera o drama

Você pode imaginar que o título dessa crítica de Invasão Zumbi 2: Península pode ser um pouco óbvio, não é mesmo? Mas, pra quem se lembra de Invasão Zumbi (Train to Busan) de 2016, o filme que iniciou a saga sul-coreana dos mortos-vivos nos cinemas, talvez essa concepção mude um pouco. Exibido em Cannes, o novo filme de Sang-ho Yeon, aposta mais em uma aventura de ação, quase um Mad Max Zumbi, deixando sua reflexão para os momentos pontuais, ao contrário do original (vale muito conferir, está no catálogo da Netflix) onde desde o começo somos levados em uma história que costura o drama humano com o já clássico pano de fundo de uma epidemia. Essa mudança, obviamente, acaba impactando bastante no resultado final, fugindo dos maiores méritos do excelente filme original.

Agora, Sang-ho Yeon nos mostra como estão as coisas quatro anos após o surto zumbi iniciado na trama onde as pessoas estavam a bordo de um trem para a cidade de Busan. Acompanhamos Jung-seok (Dong-Won Gang), um soldado que conseguiu sair do país a salvo. Mas as condições em que ele conseguiu essa proeza foram traumáticas: ele perdeu irmã e sobrinho dentro do barco em que levavam os refugiados em função de um passageiro contaminado, o que culminou em uma segunda tragédia. Com esse acontecimento, os refugiados que antes iam para o Japão acabaram migrando para Hong Kong, onde jamais foram reconhecidos como iguais. Seu cunhado, no entanto, lhe acompanha em parte da história.

O preconceito e a forma sub-humana como ele e seu cunhado são tratados na nova pátria os leva a uma medida quase que desesperada. Na verdade, quase inconcebível. Voltar ao país assolado por zumbis unicamente por dinheiro. A “missão recompensa”, por si só, já nos joga para a ação, mas é na nação tomada por mortos-vivos que Jung-seok vai se reconectar com seu passado. E, como podemos imaginar, teremos muitos momentos de fuga e enfrentamento com os zumbis.

invasão zumbi 2 jung-seok
Bad ideia: Jung-seok e o cunhado voltam para ilha.

Toda essa premissa desvaloriza bastante a ideia que o diretor conseguiu colocar em Invasão Zumbi (de 2016). Por mais que o original seguisse uma cartilha bem clássica do gênero, o drama humano era seguidamente o que causava mais impacto. As nuances e decisões egoístas dos passageiros do trem seguravam o espectador na cadeira, sem a menor ideia do que poderia acontecer. Já este segundo simplifica demais e traz cenas bem exageradas, até mesmo para um filme de zumbis. Ainda que seja todo bem feito e possa divertir bastante, temos várias perseguições envolvendo carros e situações que mais lembram um Velozes e Furiosos, naquela ação sem muitos neurônios, do que algo realmente diferenciado como foi anteriormente.

invasão zumbi 2 família
Personagens novos e cativantes salvam o filme

Tendo tudo isso em mente, não está proibido se divertir com Invasão Zumbi 2: Península. Assim como o primeiro, temos novamente a pitada de ganância humana, um futuro distópico e, como mencionei, lá no final de tudo, aquele soco no estômago que nos faz pensar um pouco mais sobre a vida e como tradicionalmente podemos estar reclamando de barriga cheia. Esse final vem graças a introdução de novos personagens, bem cativantes, que ao contrário do protagonista, viveram seus últimos anos na ilha dos zumbis, sobrevivendo graças a força da família e seu grande poder de adaptação. Seguramente a melhor coisa do filme, ainda que tudo que aconteça no final seja uma mistura de mais obviedades e clichês. Mas a carga emocional do cinema sul-coreano apresenta tudo isso de forma bem peculiar.

Invasão Zumbi 2: Península estreia dia 26 de novembro nos cinemas (que estiverem aberto) do Brasil. E se você não assistiu o primeiro, fica a dica da nossa crítica aqui!

Veredito da Vigilia

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