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Ele é Demais: remake de filme de 1999 tem TikTok e Kardashian

Com uma sensação de “opa, já vi isso antes” misturada com Comfort Film digno de Sessão da Tarde, Ele é Demais, o novo filme da Netflix, tem tudo ser sucesso entre os adolescentes. TikTok, Digital Influencers, uma das Kardashian e a linguagem jovem fazem parte dessa produção. O filme estreia no catálogo dia 27 de agosto.

Releitura do clássico Ela é Demais, de 1999 – por isso a sensação de “já vi isso antes” – a grande novidade do longa é inverter os papéis. Desta vez, quem faz a aposta com as suas amigas é Padgett Sawyer (Addison Rae). Depois de passar uma humilhação para a internet toda ver, ela decide transformar um menino nada popular em rei do baile. O escolhido é Cameron Kweller, vivido por Tanner Buchanan, de Cobra Kai.

Claro que a transformação é no melhor estilo Betty, a feia. Um corte de cabelo e roupas novas fazem milagres. E também é óbvio que Padgett vai se apaixonar por Cameron e que ele vai se apaixonar por ela. Mas isso não pode ser considerado um spoiler. Afinal, uma comédia romântica dessas precisa de obviedades.

Transformação estilo Betty, a feia
Transformação estilo Betty, a feia

Os clichês do filme são inúmeros. Até um príncipe – ou rei do baile – em um cavalo branco (literalmente) aparece para salvar a mocinha. O menino gordo e inteligente é piada entre o grupo de amigas malvadas e um menino latino é o vendedor de drogas da escola. A construção dos personagens é cheia de estereótipos.

O diretor Mark Waters, responsável por Meninas Malvadas, apostou alto para fisgar o público teen. Addison, a protagonista, tem 81 milhões de seguidores no TikTok, sendo a terceira pessoa mais seguida da rede que faz sucesso entre o público alvo do filme. Ele é Demais também conta com a presença de Kourtney Kardashian, que vive uma influente patrocinadora que guia Padgett nas redes sociais.

Inclusive, além do romance adolescente, o filme mostra a relação dos jovens com as redes sociais. Com a vida falsa que muitos têm a necessidade de criar para se inserir em uma sociedade que vive de aparências. Quanto tempo alguém pode se dedicar para mostrar algo que não é?

A internet está cheia de pessoas que vivem mostrando uma vida perfeita nas redes sociais e, quando desligam a câmera, vivem vidas totalmente diferentes do que mostram. Isso mexe muito com a saúde mental dos jovens, tanto os que mostram as suas vidas nas redes quanto aqueles que seguem os influenciadores com “vidas perfeitas”. Onde está a felicidade? Por que tanta gente busca um ideal de perfeição que não existe? Estamos criando uma sociedade doente que acredita em vidas perfeitas que são mostradas durante 15 segundos, editadas e maquiadas.

Ele é Demais é cheio de clichês
Ele é Demais é cheio de clichês

Ele é Demais mostra o maior medo de um adolescente: virar meme e viralizar em forma de chacota nas redes sociais. A métrica de ganhar e perder seguidores também se mostra muito importante para medir sua própria aprovação pessoal. Porém, no final vemos que nada disso serviu de lição. Padgett só arrumou um novo namorado formatado perfeitamente para ela. E só mesmo.

Rachel Leigh Cook, a protagonista da primeira versão de Ela é Demais, de 1999, vive a mãe de Padgett e dá duro como enfermeira para realizar os caprichos da filha. É um easter egg ótimo e pode agradar os pais desses adolescentes que gostavam da primeira versão.

Ele é Demais não apresenta novos elementos, nem é um filme profundo. É uma comédia romântica com final previsível, mas que muito provavelmente vai fazer um sucesso tremendo entre os jovens e os amantes desse gênero. Porém, os mais saudosistas podem ficar com a versão de 1999.

Veredito da Vigilia

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