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Duro de assistir, Gemini: O Planeta Sombrio é pura pretensão

Gemini: O Planeta Sombrio (Zvyozdniy razum) estreia dia 2 de fevereiro de 2023 no Brasil e já é sério candidato a um dos piores filmes, ainda que nos restem 330 (e tantos) dias do ano. É uma jornada tortuosa, dura de assistir e faz parecer com que 1h38 se tornem uma eternidade. O thriller de ficção científica apela para todos os filmes que possam inspirar a saga de um grupo de astronautas que precisa se lançar em uma missão no espaço para salvar o futuro da humanidade, usando nossa memória afetiva de uma vida (nerd) inteira e de grandes clássicos para tentar emular algo parecido. Tenta ser Alien, tenta ser Star Trek, tenta ser Predador, tenta ser A Fonte da Vida. Enfim, tenta ser tudo um pouco. E não é absolutamente nada.

Não há problema algum em recriar a ideia de um thriller de ficção científica com invasão alienígena. Vemos filmes de tripulação espacial isso saindo de Hollywood a todo tempo. O problema de Gemini: Planeta Sombrio está em tentar ser tudo, de uma forma incrivelmente cara-de-pau e sem vergonha. Nada soa original, nada nos parece ter um algum frescor. E nada, absolutamente nada funciona, com a exceção (para confirmar a regra) dos efeitos especiais, que são bem competentes.

Imagine você que a Terra foi abatida por um vírus mortal que está acabando com nosso habitat natural (nada de novo por aqui, não é mesmo?). Mais do que isso, um brilhante cientista, Steve (Egor Koreshkov), descobre (depois de anos de pesquisa) que em nosso mundo há uma máquina especial capaz de gerar vida e duplicar nosso planeta. Essa máquina é capaz de gerar uma “Terra Gêmea”, e cabe a ele, e um grupo de astronautas aleatórios, subir ao espaço e encontrar o melhor “planeta” para receber essa máquina. Lá eles vão configurá-la e, a partir de então, colonizar e criar a Terra 2.0. Essa máquina, por si só, já altera toda uma visão de mundo (big bang, Darwin e até religião), pois estava por aqui desde “sempre”. Uma porção de coisas não é mesmo? Pois saiba que estou falando apenas dos dois primeiros minutos de filme, onde o que poderia ser uma boa ideia, é esfarelada diante nossas retinas em poucos segundos.

A nave sendo jogada para longe em Gemini: Planeta Sombrio
Obviamente, as coisas não vão dar muito certo quando a missão já estiver bem longe daqui

E como se não houvesse lideranças políticas ou qualquer outro tipo de envolvimento do planeta terra, somente Steve pode compor e liderar a missão. Afinal, foi ele que achou a máquina, não é mesmo? Steve é uma espécie de andróide arrogante do início ao fim do filme, e a chance de você simpatizar com o protagonista do filme é menos 1000 na potência 10. Calma, ele não é um andróide, apenas estou comparando pelo seu total desapego a qualquer traço minimamente humano. Steve sobe aos céus junto com sua tripulação como sendo a última esperança da terra, e claro, as coisas não vão sair como o esperado.

Fora todo esse absurdo (quase escárnio), o filme ainda consegue ser errante em sua edição, mostrando flashbacks contra-produtivos e uma construção de equipe um tanto quanto ruim. O que parece ruim logo de cara, vai piorando gradativamente. Nesses flashbacks vemos o envolvimento do líder da equipe com uma mulher e alguns gestos que pouco agregam em toda gororoba já misturada no roteiro. 

É quando entramos em Alien…

Alou Xenomorfo, é você?
Se você está vendo um xenomorfo de “Alien” por aqui, bom então, é mais um momento vergonha em Gemini: O Planeta Sombrio

E no espaço, como eu já avisei, entramos em uma versão do Alien da Shopee dura de acompanhar. Afinal, temos um ser invasor que está causando os principais danos na missão, e teremos algumas mortes de tripulantes. Depois disso, ainda teremos viagem no tempo e uma infecção alienígena, mesmo que nosso principal vilão seja um bio-robô que emula o xenomorfo imortalizado na franquia criada por Ridley Scott. Tudo isso acompanhado de muita arrogância de Steve e desavenças com a tripulação que beiram o absurdo. Os diálogos que recheiam tudo isso também são verdadeiras ofensas. Não há qualquer tipo de relação minimamente respeitosa entre as pessoas que deveriam estar preocupadas em “salvar a Terra”.

O filme vai andando e você, no outro lado da tela, vai se torturando ao máximo, pensando que Resident Evil: A Série (da Netflix) é uma verdadeira maravilha frente a tudo que está se passando. Até que, no final, até texto bíblico entra no pacote, para não termos a menor dúvida de que o filme, diretor, atores e produtores conseguiram ofender toda e qualquer classe social em todo o globo terrestre.

Assista, e depois me diga se estou mentindo.

Veredito da Vigilia

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