CríticaFilmes

Disforia: muitas perguntas, poucas respostas | Crítica

Quais são seus fantasmas do passado? O quanto eles te atormentam? Disforia, thriller psicológico brasileiro que foi lançado via streaming (após ter seu lançamento prejudicado pela pandemia do novo coronavírus) traz essas provocações. Com sequências que nos deixam sem ar, o longa que tem Porto Alegre como pano de fundo é uma boa surpresa do nosso cinema nacional.

Em Disforia, acompanhamos a vida de Dário (Rafael Sieg) um psicólogo que estava afastado das suas funções e, quando retorna, recebe o caso de uma menininha para atender. Porém, Sofia (Isabella Lima) e sua família fazem com que Dário seja atormentado por lembranças nada boas que o desestabilizam.

Com um começo cheio de perguntas e dúvidas, o filme dirigido por Lucas Cassales apresenta tantas sequências sem respostas que deixa o espectador quase cansado. Mas essa irritabilidade passa à medida que o filme avança.

As respostas ficam implícitas e são quase imaginativas: existe uma segunda camada, do que não é dito e nem visto, que deixa cada espectador com uma resolução diferente para o futuro dos personagens. E, de verdade, o futuro deles não importa, o importante mesmo é ver que existe muito mais entre a realidade e a nossa percepção dela. O silêncio, os olhares, a falta de diálogo constroem uma atmosfera excelente ao thriller psicológico, mostrando que havia muito mais do que era dito. Durante todo o longa, a sensação de agonia fica presente.

A definição de Disforia é “uma psicopatologia caracterizada por ansiedade, depressão e inquietude”. E tudo isso está na tela. São muito sentimentos, muitas situações psicológicas retratadas. É uma grande colcha de retalhos construída com um vai e vem de cenas, tempos e personagens.

O quanto uma menininha pode mexer com você?

Um recurso interessante do filme é a utilização de uma simulação de vídeos caseiros, feito por Paolo (Vinícius Ferreira), pai de Sofia, durante seu casamento com a falecida esposa. É aí que são apresentados mais elementos que nos ajudam a entender tudo que está acontecendo. A ideia é ótima, mas em determinado momento acaba revelando mais do que deveria.

Sendo Disforia o primeiro longa de Lucas Cassales, podemos comemorar: com mais estrada, ele tem tudo para cravar esse gênero em nosso cinema e se tornar um grande nome.

Disforia é um bom filme, apesar de pecar pelo excesso (diversas vezes). Assista sabendo que nem sempre precisamos saber de tudo.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *