CríticaFilmes

Desobediência: entre a fé e a sexualidade | Crítica

Creio que a maneira mais breve de resumir Desobediência é: um romance entre duas mulheres judias. Mas isso não faria justiça ao filme que estreia dia 21 de junho no Brasil e tem direção de Sebastián Lelio.

Adaptado do livro com o mesmo nome e escrito por Naomi Alderman, Desobediência traz como foco a história de três amigos, Esti (Rachel McAdams – Doutor Estranho), Ronit (Rachel Weisz) e Dovid (Alessandro Nivola). Ronit precisa voltar para sua comunidade judaica depois da morte de seu pai e encontra os amigos de infância casados. Toda a situação deixa o espectador muito incomodado. As cenas e o roteiro foram montados para deixar quem está assistindo tão deslocado e estranho quanto Ronit reencontrando pessoas e familiares que não parecem querer vê-la.

 

Ao longo do filme se descobre que Ronit saiu de casa porque seu pai descobriu o romance entre as duas amigas. Só então a trama começa realmente a se desenrolar, saindo do foco na cerimônia de funeral judeu para o rabino falecido.

É interessante que esse poderia ser outro filme breve e que objetifica mulheres em uma comunidade bem fechada, porém não. Desobediência aborda muito bem o fato de que a orientação sexual ainda é vista com preconceito em vários lugares, assim como o papel da mulher. Esti é visivelmente triste, o que também traz uma breve abordagem sobre depressão em um meio que acredita que todas as respostas podem ser encontradas na Tora e que Hashem sabe o que faz. O limite entre a fé e a sexualidade é testado com muita realidade e objetividade.

Atuação incrível de Rachel McAdams e Rachel Weisz

O longa faz uso de dois elementos muito bem: o equilíbrio entre o silêncio e o diálogo. Os momentos sem fala são tensos, tocantes e com todos os sentimentos possíveis para a cena. Os diálogos possuem conteúdo e são dramáticos na medida certa.

É importante salientar que as cenas de sexo são mais explícitas que na maioria dos filmes, o que, inclusive, deixa o filme melhor por fazer isso de forma crua e sem objetificar nenhuma das personagens. A discrepância que existe entre a Esti que é a esposa judia perfeita e a que decide ter um romance com Ronit é muito grande, de novo testando a linha entre fé e sexualidade.

Desobediência também é interessante pelo fato de que mostra um pouco sobre toda a cultura judaica. Talvez sem esse filme, muitas pessoas não saberiam que um funeral judeu dura uma semana, com vários eventos sociais.

Uma das muitas cerimônias vistas no filme

O filme chega dia 21 de junho aos cinemas e, mesmo que não pareça a primeira escolha para muita gente, vale a pena assistir!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *