De maneira bem-humorada, Gokushufudou: Tatsu Imortal critica o uso de estereótipos
Gokushufudou: Tatsu Imortal, que estreou na Netflix em abril, e claro, não podia ficar de fora das nossas críticas de animes. Confira!
No final da minha adolescência e início da vida adulta, eu resolvi montar uma banda com alguns amigos, mesmo sem nenhum instrumento para tocar. A primeira coisa que fiz foi escrever algumas letras, dentre elas, eu batizei uma com o nome de “Ponha um Crachá em Mim”. Ela falava de como somos rotulados, classificados e julgados pelas pessoas que acham que sabem tudo da nossa personalidade. Tais pessoas conhecem apenas uma parcela do que somos e ao se depararem com algum comportamento nosso que elas desconhecem, automaticamente consultam o seu “checklist”, para ver se tal atitude consta naquilo que elas haviam colocado em nosso “crachá”.
Essa rotulação está presente em todos os episódios de Gokushufudou: Tatsu Imortal. Os cinco episódios são uma adaptação do mangá criado por Kousuke Oono e publicado desde 2018 na revista Kurage Bunch (Shinchosa). Nas páginas do mangá, e agora no anime, acompanhamos a nova vida de Tatsu, um ex-chefe da Yakuza, que resolve se aposentar para se tornar um pacato dono de casa.
O anime é composto de histórias curtas, que são compiladas nos cinco episódios, todas elas demonstrando como a sociedade não consegue desvincular Tatsu de sua antiga atividade e de como isso assusta todos ao seu redor. Exceto, um grupo de donas de casa, que são parceiras do ex-gangster nas mais variadas atividades, como ir às compras, aulas de culinárias e de Ioga, jogos de vôlei, etc.
Gokushufudou pode ser classificado como um Seinen, ou seja, voltado para jovens adultos, diferente do Shonen, que é destinado a uma faixa-etária anterior. Muito disso se deve às atividades do cotidiano que são apresentadas, como as atividades domésticas, um relacionamento estável e o planejamento de datas importantes. Tudo isso é retratado de um jeito muito divertido, o que torna o anime fácil de acompanhar, garantindo boas gargalhadas, ao mesmo tempo que a crítica sobre o pré-julgamento é muito bem explorada.
Não sabemos muito sobre o passado de Tatsu e quais foram os seus motivos para abandonar a Yakuza. Somente algumas pinceladas são apresentadas ao público conforme antigos desafetos ou aliados vão aparecendo na trama. A única coisa que sabemos, de fato, é que o cara é apaixonado pela mulher e tem um gato arteiro, que daria uma bela série spin-off.
Como estamos falando de uma animação, o traço do anime pode incomodar algumas pessoas. As artes não são bem finalizadas e tem pouca textura, além de permanecerem estáticas na maioria das cenas, mexendo apenas a boca do personagem. Para alguns isso pode soar como um charme da série. Para outros, como um ponto que as afastará da obra.
Gokushufudou: Tatsu Imortal fala sobre segundas chances, ressignificação, desconstrução e do quanto é inapropriado julgarmos uma pessoa apenas pelo seu histórico, sem avaliar o seu presente. Adoramos colocar “crachás” nos outros, achando que sabemos tudo o que se passa ou o que se passou em suas vidas, quando na verdade, não conhecíamos a nós mesmos e a nossa capacidade de juízes injustos.
A Vigília Recomenda!