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Cruel Summer mescla mistério e drama de forma competente

Como comentei aqui anteriormente, no texto de primeiras impressões, realmente Cruel Summer havia me surpreendido positivamente. O drama adolescente protagonizado por Kate Wallis (Olivia Holt) e Jeanette Turner (Chiara Aurelia) inicia com uma história muito instigante, jogando sua narrativa em três diferentes verões dos anos de 93, 94 e 95. A edição esperta, ambientação e contextualização da época deram à série um ar de grande produção, mesclando de forma competente mistério e dramas adolescentes.

Antes de entrar nos pormenores, no comparativo entre streamings, as séries e dramas adolescentes do Prime Video me parecem ser superiores aos da concorrente Netflix. Os caprichos de produção e elenco são mais assertivos, embora eu saiba muito bem que o índice de popularidade sempre tende a pender a balança para o canal do “N” vermelho. No quesito roteiro, o Prime Video também leva vantagem, sendo mais original e, por vezes, menos apelativo. Panic, outra produção Prime Original tinha conquistado minha simpatia, no entanto, foi cancelada. Cruel Summer, ao que tudo indica, não terá esse problema, pois entrega uma história fechada e sem necessidades de continuação. O que por vezes também é um certo alívio.

Feito este parênteses, Cruel Summer entrega uma edição dinâmica e esperta, saltando no tempo entre os três anos. O seu grande mérito é justamente o jogo de esconde-esconde com o espectador. Sabemos que aconteceu algo de muito grave com Kate, e que, de certa forma, Jeanette está envolvida. O quebra-cabeças vai sendo montado aos poucos, bem pelas beiradas, até que, finalmente, temos a peça final, no centro do quadro, revelando o que então aconteceu. Até por isso, talvez o recomendado seja assistir um episódio por dia, sem investir em uma maratona (que logo de cara será bem tentadora).

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CRUEL SUMMER: Andrea Anders e Olivia Holt são pontos positivos do elenco

Assistindo aos poucos, o mistério vai se diluindo. Os dramas dos personagens que saem de um ponto de vista solar e vão aos poucos ficando cada vez mais escuros (e isso a série faz com estilos e paletas de cores, de forma bem literal). O impacto do grande evento é sentido na vida de quase todos da cidade (no interior do Texas, para ser mais preciso). A típica província onde todos se conhecem e todos são vítimas de fofocas. Onde normalmente a vida do outro é sempre colocada na frente em qualquer roda de conversa. Ou seja, uma cidade pequena normal do sistema solar.

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Cruel Summer: Jeanette (Chiara Aurelia) quer ser Kate (Olivia Holt)

O problema maior de Cruel Summer é talvez prometer demais logo em seu início. Com isso, o desfecho acaba sendo um pouco menos satisfatório. Conforme as cortinas vão se abrindo no conflito entre as adolescentes, que arrastam amigos e famílias para o meio da confusão, temos a revelação de como se deu a relação entre Kate e o novo e bem apessoado diretor-assistente do High School, Martin Harris (vivido por Blake Lee, de Parks & Recreation). E nesta relação estão as maiores surpresas (e talvez frustrações) de como o andamento da relação das garotas foi parar no tribunal.

Jeanette e Kate: Cruel Summer vai escurecendo conforme o tempo passa. Visualmente, e narrativamente.

Depois de tanto esconder os maiores segredos da trama, as revelações e a própria briga no tribunal acabam sendo apresentadas de forma um pouco apressada. É nos dois últimos episódios que são preenchidas as lacunas que eram cozinhadas (em fogo baixo) desde o primeiro minuto de série.

Por outro lado, a trama faz com que você realmente não saiba que história comprar, ou por quem torcer: se pela menina rica, querida e popular, ou pela nerd desajustada que sempre tratou todo mundo bem. E muito provavelmente, mesmo depois de tudo concluído, essa escolha não será uma fácil. Por tudo isso, Cruel Summer é um prato cheio para quem gosta de um drama adolescente cheio de camadas (e surpresas).

Veredito da Vigilia

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