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Como se Tornar o Pior Aluno da Escola | Crítica

Nem mesmo o resgate do espírito oitentista salva a comédia de Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili divulgou em duas edições nacionais da Comic-Con (a CCXP e a CCXP Tour) o longa inspirado no seu livro homônimo “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”. Em uma delas ele foi vaiado, na outra foi bem recebido. Talvez essa dualidade já explique muito dos sentimentos que poderão nortear o futuro do filme, que estreia no dia das crianças em todos os cinemas brasileiros. A dualidade também está bem determinada na carreira do humorista, que ao sair de uma emissora para outra parece ter perdido um pouco das estribeiras que o deixavam em um agradável patamar. A tentativa, como ele mesmo defendeu, era resgatar o espírito de filmes que guiaram a sua infância (e por acaso a desse que vos escreve) durante as tardes após o colégio. O espírito oitentista de filmes como Curtindo a Vida Adoidado, A vingança dos Nerds, Karatê Kid, Porky’s e afins. Mas não deu muito certo.

Gentili e o diretor Fabrício Bittar tinham a faca e o queijo na mão. No entanto, não souberam aproveitar o investimento, o elenco e até mesmo a ideia do filme. Com isso, o longa se perde nas desgraceiras em que caem a maioria das comédias nacionais. A ideia inicial e as referências até estão lá, mas faltou motivação, profundidade e até um pouco de maturidade. Talvez tenha sobrado paixão e faltado inspiração, o que se reflete em quase tudo e deixa em dúvida até mesmo a mensagem final (ou intenção mesmo).

As coisas já começam errado com a piada introdutória e a referência com Albert Einstein. Seguindo a trama, Bernardo (Bruno Munhoz) e Pedro (Daniel Pimentel) são estudantes clássicos, que formam a dupla estilo gordo e o magro. Em vias de se dar mal e perder o ano por causa de uma prova de Matemática (e aqui começam as vergonhas alheias e piadas ruins), Pedro recorre a um ex-aluno do Colégio Albert Einstein após encontrar uma caixa escondida no banheiro dos meninos. É claro que ela remete ao Pior Aluno que ali já passou, encarnado em Danilo Gentili. Antes de chegarem a ele, os garotos, que até vão bem em suas atuações, se deparam com a participação especial de Fábio Porchat. Conte a segunda piada ruim e vergonha alheia, além da mensagem intrínseca.

Conhecendo o Pior Aluno, os garotos entram em uma espécie de curso de péssimas maneiras e de como se “dar bem” no colégio. Referências oitentistas jogadas na tela, ideias de piadas atiradas ao léu, vemos a desconstrução de dois bons alunos sem lá grandes motivos. Mesmo buscando referências anteriores, como em Ferris Bueller, Porky’s ou Nerds da vida, onde ficava fácil achar motivação e simpatia pelas causas, aqui isso não ocorre. A falta de roteiro explica. Na verdade, o livro de Gentili sequer era uma história, apenas um manual de “Como ser o Pior Aluno da Escola”. E isso acaba desperdiçando também algumas boas possibilidades de participações, tais como de Joana Fomm, Moacyr Franco, Rogério Skylab e o sempre querido Carlos Villagrán (o Quico do Chaves). Embora o ator mexicano não consiga se expressar, vale a homenagem como o vilão Ademar Melquior (pegaram a referência?).

Danilo Gentili e Carlos Villagrán (ao centro) com os professores do filme.

Dá pra perceber que tinha muito material humano envolvido, mas não houve uma boa regência em toda a orquestra. E por isso o longa desafina feio. Segue o rumo do humor apelativo por várias vezes e acaba forçando a barra e até mesmo imitando muitas piadas já vistas em filmes e produções que conhecemos. Nem quando o filme brinca com ele mesmo fica natural. Aliás, raras são as oportunidades de rir de alguma coisa sem algum constrangimento. E o final vira uma uma massaroca sem o menor sentido. Nem o personagem Pedro acredita naquilo tudo.

Bittar e Gentili tinham tudo nas mãos, mas acabaram optando pelo lugar comum. E tudo fica ainda mais triste porque vemos que há um empenho, uma direção de arte e uma preocupação em detalhes que poderiam fazer a diferença em um roteiro melhor trabalhado. Aliás, são raras as produções nacionais que contam com tanto apoio técnico e patrocínios. Fosse assim para outros cineastas que não possuem programas diários na tv, talvez tivéssemos produções ainda melhores.  E por fim, mamães, passem longe desse filme.

8 thoughts on “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola | Crítica

  • Ivan Karamelozóv

    A crítica ataca de maneira direta e indireta o Danilo Gentili do início ao fim.

    Se a crítica cinematográfica é competente ou justa, só saberei semana que vem. Mas a PEGAÇÃO NO PÉ do humorista é exagerada.

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  • Putz, além de atacar o Danilo ainda diz que o Carlos não consegue se expressar. Tem como levar a sério isso aqui?

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  • Bruno Henriask

    Certeza q deve ser sido esquerdopata nojento q escreveu isso!

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  • Augusto Pizarro

    Vejam o filme e descubram porque o politicamente correto está acabando com o humor. Levei meu filho e minha esposa que odeia filme besteirol. Tive que arrastala para a sessão, ele não parava de apertar minha mão de tanto rir. Acho que os críticos viram uma sessão só para eles, se tivessem visto uma com pessoas normais veriam a reação de pessoas de verdade.

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    • Silvio Ferreira

      Nossa, corajoso de levar esposa e filho kkk
      Acabei de ver com minha namorada, tinham crianças na sala acompanhadas dos pais, mas não aconselharia muito kkk

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  • Cara, eu e meu filho rimos muito! Filmes como este não tem que ter apelo a nada, apenas entreter e fazer rir. E isto aconteceu! Eram gargalhadas e mais gargalhadas durante toda a sessão!!
    Ah, e falar que houve disperdício de algumas participações é piada! O moacyr franco foi a melhor coisa do filme, e o Carlos Villagram arrasou na sua interpretação, com sotaque e tudo.

    Falta a estes críticos “cabaços” identificar se a idéia funcionou ou não e, neste caso, funcionou.

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