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Cano Serrado: thriller policial nacional quase foi muito…

Cano Serrado é o novo thriller policial nacional, dirigido por Erik de Castro e último trabalho de Rubens Caribé

Cano Serrado estreia nos cinemas nacionais no dia 25 de agosto. Já na sinopse, o filme nos conta sobre Sebastião (Rubens Caribé, que faleceu em junho deste ano), um sargento de uma cidade interiorana chamada Cotas (fictícia), que busca vingança pela morte de seu irmão, um caminhoneiro, cujo assassino está à solta. Ele acaba cruzando caminho com a dupla de policiais da capital, Luca (Jonathan Haagensen) e Manuel (Paulo Miklos), que, fora de serviço, estão acompanhando/escoltando o ônibus de sua igreja para um evento. Em uma confusão, Luca acaba sendo confundido com o principal suspeito, é capturado e torturado. O seu sumiço leva a equipe da sua delegacia da capital ir atrás da dupla e solucionar a situação.

A premissa, de cara, já parece ser interessante, mas focando em diferentes temas, o longa parece se perder em sua essência. Cano Serrado quase foi um filme sobre vingança familiar, quase foi sobre corrupção policial e quase foi sobre salários injustos e famílias periféricas. E apesar de ter uma pitadinha de cada, acaba não sendo nenhum deles.

De cabeça fresca com muita crítica social, com reflexões sobre o Brasil (e sobre os “vários Brasis”) e histórias fortes sobre o nosso país, direto do 50º Festival de Cinema de Gramado, a minha régua perante o cinema nacional (e o cinema em geral) estava alta. Esperava ver um pouco disso nesse longa que, mesmo se tratando de uma ficção e de uma obra que busca entreter, poderia ter acertado muito mais, caso tivessse conseguido estruturar um pouco mais a sua narrativa. Nota-se a intenção do diretor e do roteiro de seguir esse caminho, porém, infelizmente, algo ficou pelo caminho.

Jonathan Haagensen em Cano Serrado
Jonathan Haagensen é Luca, um policial que acaba confundido com um criminoso

Ao trazer essas tramas pouco aprofundadas, a própria atuação, no geral, dos atores, fica um pouco abaixo. Quase não nos conectamos com o que acontece na tela, já que não houve muito background dos personagens e já que o antagonismo principal entre “brigadianos” e policiais ou de “brigadianos” e criminosos, como Sebastião achou ser o caso, ficou mal desenvolvido. Quem se destaca no meio disso é Naruna Costa, que interpreta a esposa de Luca. Acompanhamos o seu desespero ao notar o sumiço do marido e seu sofrimento durante as buscas.

Milhem Cortaz também está em Cano Serrado
O onipresente Milhem Cortaz também faz parte do elenco

Há uma tentativa, dentro da história, de trazer os conceitos de ética e moral no trabalho policial, sob o aspecto da vida pessoal de Sebastião, que não tem certeza se está com a pessoa certa dentro de sua cela. Aqui acaba sendo mais uma oportunidade perdida, que bastava um pouquinho mais de aprofundamento, para ter sido mais bem-sucedida.

Um ponto positivo é a sua duração, que fica, aproximadamente, com 1h20 de duração. Apesar disso, o segundo ato parece se alongar além do necessário, sem agregar muito. Já o terceiro ato cresce, nos trazendo alguns plot-twists e informações que dão uma boa movimentada na história, conectando alguns pontos.

Veredito da Vigilia

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