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Brightburn – Filho das Trevas, o primeiro filme de super-vilão | Crítica

Brightburn – O Filho das Trevas (comece ignorando o subtítulo nacional) é um filme de ficção, mas é muito mais ‘verdadeiro’ do que o que costumamos assistir. E já vou logo explicando. O que aconteceria se um bebê alienígena caísse na Terra e fosse criado por um casal de fazendeiros, no interior dos Estados Unidos, como se fosse um filho adotivo? Ele viraria um super-herói, jornalista, ideal da justiça e salvaria o mundo com seus poderes sobre-humanos, certo? Errado. Brightburn se apega na premissa do Superman para mostrar que a realidade em uma situação dessas poderia ser bem outra, bem menos otimista. Aliás, nem um pouco otimista. Pessimista ao extremo.

Assim, adentramos em Brightburn, uma obra dirigida por David Yarovesky (A Colmeia, 2014), com chancela de James Gunn (Guardiões da Galáxia,Vol. 1 e 2) e roteiros de Brian e Mark Gunn, ou seja, tudo em família mesmo. Adentramos também no primeiro terror envolvendo super-heróis, embora em nenhum momento tenhamos um em tela, acostume-se com isso. O melhor termo é super-vilão.

Direto e preciso

Rápido, direto e sem qualquer firula, em pouco tempo já temos feitas as apresentações de personagens e colocada a perspectiva do que virá pela frente. E mesmo a forma concisa de mostrar os fatos que serão desenrolados e conflitos que poderão vir pela frente não diminui a empatia que logo criamos pelo casal Tori e Kyle Breyer, vividos de forma muito competente por Elizabeth Banks (Power Rangers, Uma Aventura Lego 2 e Crimes em Happytime) e David Denman (The Office, Logan Lucky), respectivamente. E quem sabe, até mesmo do garoto que caiu do céu, Brandon Breyer, interpretado por Jackson A. Dunn, que recentemente fez uma ponta em Vingadores: Ultimato, como Scott Lang (que volta criança nas tentativas de viagem no tempo).

A fórmula replicada da família Kent dos quadrinhos segue funcionando para os espectadores, mas só até o momento em que Brandon descobre seus poderes, acionados pela nave que está escondida no celeiro. Exatamente, tudo como manda o figurino da origem do Superman.

Querido, nosso filho é uma dádiva divina

Até que as coisas começam a dar errado. E aí entramos numa releitura do que provavelmente aconteceria se tudo isso ocorresse no mundo em que vivemos, principalmente no interior dos Estados Unidos. E aí saímos do clima colorido dos filmes de super-heróis para o mundo sombrio do terror.

Ao ter acionado o seu verdadeiro DNA (ou só consciência mesmo), Brandon começa uma verdadeira revolução, que vai começar em casa, passar pela escola, a sociedade onde mora, até ganhar o mundo. E a essência do seu ser, que igualmente replica os poderes de super-força, voo, raios de calor dos olhos e supervelocidade, começa a ser usada por uma criança de 12 anos, que tem a maturidade de uma criança de 12 anos e a missão de “tomar o mundo”.

O diretor David Yarovesky no comando de Brightburn

O núcleo familiar até tenta se enganar, mas depois que os desastres gerados pelo péssimo comportamento de Brandon, não há como se enganar. “Criamos um monstro, e somos responsáveis por ele”, reflete bem o sentimento que levará Tori e Kyler a situações extremas após descobrirem o rastro de sangue deixado pelo, até então, afável filho.

Cuidado: Brightburn tem cenas fortes!

Brightburn não poupa os espectadores, levando realmente muito sangue para as telas e um toque refinado de terror gore. Certas cenas realmente não são para quem tem estômago fraco. São mortes inventivas e criativas, que não ficam no bê-a-bá do terror. Há jump-scares, mas todos bem funcionais.

As ações de Brandon Breyer não são para os fracos

Uma vez descoberto o inimigo, que até tenta persuadir os adultos com sua rosto e simulações de criança normal, o terço final é cruel com praticamente todos os personagens. O que aconteceria se uma criança revoltada de 12 anos tivesse os poderes de um semi-deus? Provavelmente seria impossível lhe impor limites. E o filme de David Yarovesky precisou de apenas uma hora e meia pra contar tudo isso de forma brilhante. Os efeitos especiais talvez possam incomodar o cinéfilo mais exigente, mas em um filme de baixo orçamento, ele pode passar batido. E a cereja no bolo, como deveria ser, está no final.

Brightburn ganhou no Brasil o subtítulo O Filho das Trevas, mas o ideal talvez seria “A origem do Mal”. Faria mais sentido, e ainda um paralelo incrível com o que a DC quis com Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. Entendedores entenderão, pois Brightburn reflete quadrinhos do início ao fim.

A Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia

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