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Boneco de Neve | Crítica

Frio, sangue e enredo fraco no suspense que adapta o livro de Jo Nesbo para as telas

Não sou fã de suspense, pois são raros os realmente bons. Mas quando soube que o filme Boneco de Neve era estrelado por Michael Fassbender (o nosso Magneto) criei certas expectativas. Erro meu. Deveria ter seguido a filosofia de “ter sempre baixas expectativas” e não me empolgar, pra quem sabe, ser surpreendida. Mas não. Como o bom mesmo é a surpresa, fui para a cabine de imprensa quebrar a cara.

Boneco de Neve é uma produção britânica, produzida nos Estados Unidos e gravada na Noruega. A película foi dirigida por Tomas Alfredson (Deixa Ela Entrar, O Espião que Sabia Demais) e adaptada de uma série do escritor norueguês Jo Nesbo. Nela, Fassbender dá vida ao protagonista, o detetive Harry Hole. Alcoólatra e insatisfeito com a vida profissional na tranquila cidade de Oslo, Hole tem seu talento desafiado com o desaparecimento de uma jovem mãe. O policial e sua nova parceira, Katrine (Rebecca Ferguson), são surpreendidos por uma série de assassinatos com características semelhantes: vítimas mulheres, mães em relacionamentos conflituosos. Um boneco de neve sempre é deixado na cena do crime, embora a polícia não pareça dar muita importância para isso.

“Ele escolhe as mulheres que despreza”, adianta a detetive Katrine (Rebecca Ferguson)

A partir disso, o filme segue em frente e se desenrola de maneira rápida e sem surpresas. Boneco de Neve é um thriller fraco, com um roteiro cheio de furos e que não apresenta nada de novo para o gênero. Além disso, o final é muito previsível. O único ponto realmente positivo do filme é a fotografia. A neve deixa as cenas muito bonitas e algumas paisagens são maravilhosas. Ponto para a Noruega!

No mais, o filme quebra a regra ao iniciar pela história do vilão, e não do herói ou das vítimas. O serial killer é filho de uma relação extraconjugal de um policial agressivo com uma mulher submissa e depressiva. Nos primeiros minutos já temos agressões físicas e psicológicas, perseguição e o suicídio da mãe em frente ao filho. Um ponto interessante é que a maneira do assassino de lidar com o passado e com as mulheres que encontra retrata bem nossa sociedade patriarcal: para ele, a culpa é sempre delas. “Ele escolhe as mulheres que despreza”, adianta a detetive Katrine no início da investigação.

O filme termina deixando margem para uma continuação, mas, fica difícil acreditar que isso realmente aconteça. Boneco de Neve já foi duramente criticado em outros países, o que levou o diretor a se defender, relatando que muitas cenas ficaram de fora por falta de tempo durante as filmagens. E este tipo de defesa já diz muita coisa. É uma pena, pois a ideia tinha potencial. Como resultado, temos o desperdício do romance mais famoso da série policial de Jo Nesbo.

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